"Europa" *
* Texto publicado no Jornal do Centro há exactamente dez anos, em 18 de Abril de 2014
Os dois motores da mundialização — as luzes e o capitalismo — tiveram a sua origem na Europa. O espírito científico e de criação de riqueza fizeram o nosso mundo globalizado, mundo com problemas tão grandes que já não têm soluções nacionais, só as têm numa escala supra-nacional.
Também aí o velho continente foi pioneiro: não há mais nenhuma instituição supra-nacional que se pareça com a “Europa”, esta nossa "coisa" acima dos países, a que devemos 70 anos de paz.
Esta ideia começou a germinar a seguir à primeira guerra mundial: em 1926 foi organizado em Viena o primeiro “Congresso Pan-Europeu” a que acorreram nomes como Adenauer, Churchill, Freud, Rilke, Einstein, Unamuno, Ortega y Gasset, Thomas Mann. Seguiram-se ainda mais três congressos pan-europeus nos anos de 1930.
Mas só depois do pesadelo nazi é que foi possível, em 1951, debaixo do chapéu-de-chuva norte-americano, com o Tratado de Paris, avançar para o embrião da “Europa” com seis países. Desde então, foram entrando mais estados e as transferências de soberania para a CEE/UE nunca mais pararam.
Depois da implosão do império soviético, a “Europa” entrou em "bulimia tratadística" (expressão de José Medeiros Ferreira): Maastricht (1992), Amesterdão (1997), Nice (2001), Constitucional (2005), Lisboa (2007), o tratado do célebre "porreiro, pá". Tratado nada porreiro, por sinal: com ele a "europa dos cidadãos" perdeu para a "europa das chancelarias", perante a satisfação bacoca da dupla Sócrates / Barroso.
Tanto tratado em tão pouco tempo significa que a “Europa” está sem pensamento de longo prazo, dirigida por uma eurocracia cara, irresponsável e hostil ao eleitorado.
Por sua vez, em Portugal, mudam os regimes mas não muda o espírito predador e corrupto das nossas elites: africanista antes de 1974 nos monopólios coloniais, europeísta agora a “executar” (isto é, “matar”) fundos comunitários.
Os dois motores da mundialização — as luzes e o capitalismo — tiveram a sua origem na Europa. O espírito científico e de criação de riqueza fizeram o nosso mundo globalizado, mundo com problemas tão grandes que já não têm soluções nacionais, só as têm numa escala supra-nacional.
Também aí o velho continente foi pioneiro: não há mais nenhuma instituição supra-nacional que se pareça com a “Europa”, esta nossa "coisa" acima dos países, a que devemos 70 anos de paz.
Esta ideia começou a germinar a seguir à primeira guerra mundial: em 1926 foi organizado em Viena o primeiro “Congresso Pan-Europeu” a que acorreram nomes como Adenauer, Churchill, Freud, Rilke, Einstein, Unamuno, Ortega y Gasset, Thomas Mann. Seguiram-se ainda mais três congressos pan-europeus nos anos de 1930.
Mas só depois do pesadelo nazi é que foi possível, em 1951, debaixo do chapéu-de-chuva norte-americano, com o Tratado de Paris, avançar para o embrião da “Europa” com seis países. Desde então, foram entrando mais estados e as transferências de soberania para a CEE/UE nunca mais pararam.
Depois da implosão do império soviético, a “Europa” entrou em "bulimia tratadística" (expressão de José Medeiros Ferreira): Maastricht (1992), Amesterdão (1997), Nice (2001), Constitucional (2005), Lisboa (2007), o tratado do célebre "porreiro, pá". Tratado nada porreiro, por sinal: com ele a "europa dos cidadãos" perdeu para a "europa das chancelarias", perante a satisfação bacoca da dupla Sócrates / Barroso.
Tanto tratado em tão pouco tempo significa que a “Europa” está sem pensamento de longo prazo, dirigida por uma eurocracia cara, irresponsável e hostil ao eleitorado.
Por sua vez, em Portugal, mudam os regimes mas não muda o espírito predador e corrupto das nossas elites: africanista antes de 1974 nos monopólios coloniais, europeísta agora a “executar” (isto é, “matar”) fundos comunitários.
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