O cabo apontador, Camões e os wokes *

* Hoje no Jornal do Centro, nas bancas e aqui

Os 50 anos do 25 de Abril

Já se sabe alguma coisa sobre as comemorações do meio século de “o dia inicial inteiro e limpo”. Para começar, recomendo um livro e uma peça de teatro.

José Alves da Costa em 2013
Foto Alfredo Cunha

(1) “25 de Abril de 1974 Quinta-feira”, de Alfredo Cunha (fotografias), Carlos de Matos Gomes, Adelino Gomes e Fernando Rosas (textos) e Alexandre Farto/Vhils (gravuras), editado pela Tinta da China, é um livro belíssimo.

Nele, conheci “o verdadeiro herói do 25 de Abril”, na opinião de Salgueiro Maia, fundamentada na sua descrição do momento militar mais crítico daquele dia: «então o brigadeiro grita para o cabo apontador dispara! E o cabo apontador não diz nada. Dispara! E o cabo apontador continua a não disparar. Aqui é que se ganhou o 25 de Abril.»  

Aquele cabo apontador do carro de combate M47, de seu nome José Alves da Costa, ao recusar obedecer à ordem do seu comandante, evitou uma mortandade.

(ii) Sara Barros Leitão passou um ano a ler os diários das sessões da assembleia da república onde está registado tudo o que se passa no hemiciclo: os apartes, os mimos, as fífias, está lá até a “comoção” de um deputado do CDS perante as mamas da deputada italiana Ilona Staller.

Com esse material, a dramaturga fez um “Guião para um País Possível”, uma peça de homenagem à nossa democracia, que vai estar, em 19 e 20 de Abril, no Teatro Viriato (Viseu) e, em 20 e 21 de Novembro, na Acert (Tondela).


Os 500 anos do nascimento de Luís Vaz de Camões

Sabe-se pouco ou nada sobre a forma como o país vai assinalar o meio milénio do poeta. Ainda não se conhece nenhuma iniciativa da sociedade civil e o governo andou a dormir na forma. Só há uma semana é que foi criado o comissariado que vai ter de elaborar um programa comemorativo até Maio.

Uma coisa podemos dar como certa: o poeta vai ser destratado pelo revisionismo histórico que domina as universidades e que cujos “estudos” são feitos, invariavelmente, para farejar putativas “culpas do homem branco”. 

Ora, como se sabe, Camões foi tudo o que os wokes odeiam: branco, heterossexual, derriçou com escravas, andou pelas colónias à espadeirada. Vai levar porrada.

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