Bordados*
* Texto publicado no Jornal do Centro há exactamente dez anos, em 9 de Janeiro de 2014
1. O “video-mapping” é uma espécie de fogo-de-artifício audiovisual sem pólvora.
O que foi encomendado pela câmara de Viseu para a passagem de ano foi matéria de controvérsia, com a “oposição” a acusar a “situação” de despesismo.
Como prometi aos leitores, fui com doze passas e espumante ver e avaliar o “evento”:
(i) o espectáculo foi bom e há vários vídeos no YouTube onde se pode conferir essa qualidade;
(ii) o Adro da Sé tinha pouca gente e isso foi uma pena;
(iii) as clareiras entre o público deixaram pendurada esta primeira tentativa de António Almeida Henriques de fazer de Viseu uma “cidade de eventos”.
Recordo que Portugal tem tido uma “estratégia” de desenvolvimento movida a “eventos”: foi a XVII, a Expo, as “capitais de…”, o Euro 2004. Até Viseu também já pecadilhou disso com um mundial de andebol.
De “eventos” no país tivemos muito, de desenvolvimento é que pouco.
Fica aqui matéria para reflexão do presidente da câmara, já que nenhum “conselho estratégico” ou outra instância metapolítica, das que ele anda agora a multiplicar, pode substituir a interpretação do interesse público de um político eleito com a responsabilidade para decidir.
2. Não é anedota: neste país falido, a assembleia municipal de Viseu aprovou mesmo por unanimidade uma moção a pedir uma ligação ao sul em via com “perfil de auto-estrada” e sem portagens.
Atenção!: não se trata de uma auto-estrada, trata-se de um “perfil de auto-estrada”.
Não admira que as sessões da assembleia municipal demorem horas e mais horas. É que nada derrete mais tempo do que fazer bordados com as palavras.
1. O “video-mapping” é uma espécie de fogo-de-artifício audiovisual sem pólvora.
O que foi encomendado pela câmara de Viseu para a passagem de ano foi matéria de controvérsia, com a “oposição” a acusar a “situação” de despesismo.
Como prometi aos leitores, fui com doze passas e espumante ver e avaliar o “evento”:
(i) o espectáculo foi bom e há vários vídeos no YouTube onde se pode conferir essa qualidade;
(ii) o Adro da Sé tinha pouca gente e isso foi uma pena;
(iii) as clareiras entre o público deixaram pendurada esta primeira tentativa de António Almeida Henriques de fazer de Viseu uma “cidade de eventos”.
Recordo que Portugal tem tido uma “estratégia” de desenvolvimento movida a “eventos”: foi a XVII, a Expo, as “capitais de…”, o Euro 2004. Até Viseu também já pecadilhou disso com um mundial de andebol.
De “eventos” no país tivemos muito, de desenvolvimento é que pouco.
Fica aqui matéria para reflexão do presidente da câmara, já que nenhum “conselho estratégico” ou outra instância metapolítica, das que ele anda agora a multiplicar, pode substituir a interpretação do interesse público de um político eleito com a responsabilidade para decidir.
2. Não é anedota: neste país falido, a assembleia municipal de Viseu aprovou mesmo por unanimidade uma moção a pedir uma ligação ao sul em via com “perfil de auto-estrada” e sem portagens.
Atenção!: não se trata de uma auto-estrada, trata-se de um “perfil de auto-estrada”.
Não admira que as sessões da assembleia municipal demorem horas e mais horas. É que nada derrete mais tempo do que fazer bordados com as palavras.
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