Rendas*
* Texto publicado no Jornal do Centro há exactamente dez anos, em 8 de Agosto de 2013
Os gestores das empresas públicas são a nata da nata da terceira república. Têm todas as vantagens e não têm nenhuma desvantagem: não são escrutinados como são os governantes, não perdem fins-de-semana em estopadas partidárias, não recebem telefonemas de presidentes de concelhia, não são sequer afectados pela alternância dos governos pois têm contratos milionários blindados contra essas eventualidades.
Todo o ministro em exercício sabe que a sua qualidade de vida só começa quando passar a ser ex-ministro e puder ingressar num pinguento conselho de administração. Um parêntesis para assinalar a superior inteligência de António Vitorino do PS que conseguiu passar logo à qualidade de “ex” sem (quase) ter sido ministro.
Para além da ladroagem das PPP, conheceu-se agora que a aristocracia que tem governado as empresas públicas nos fez perder milhares de milhões de euros em swaps.
O centrão dos negócios tem andado a lançar nevoeiro sobre o caso. A artilharia passista e socrática tem-se focado no “quando” a ministra das finanças conheceu o buraco dos swaps. Ora, o que de facto interessa saber é “quando” se abriu o buraco, “quanto” é o buraco, “quem” é que o abriu.
Há alguma luz que se pode deitar sobre este nevoeiro:
— swaps contratados até à falência do Lehman Brothers (14/9/2008), feitos nos tempos em que o “subprime” era sexy, podem ser colocáveis na prateleira de “azares de gestão”;
— depois da falência do Lehman Brothers e do que se soube das práticas da banca de investimentos, qualquer contratualização de swaps exóticos não tem perdão: os responsáveis devem ser demitidos. Se tivéssemos justiça, deviam ser presos. Não temos. Veja-se o caso do BPN.
Para terminar, tanto esta pouca vergonha dos swaps como a das PPP, para além de ilustrarem a voracidade egoísta das nossas elites, mostram também que o actual capitalismo financeiro vive cada vez mais de rendas que do lucro. Isto é, precisa de corromper a decisão política.
Os gestores das empresas públicas são a nata da nata da terceira república. Têm todas as vantagens e não têm nenhuma desvantagem: não são escrutinados como são os governantes, não perdem fins-de-semana em estopadas partidárias, não recebem telefonemas de presidentes de concelhia, não são sequer afectados pela alternância dos governos pois têm contratos milionários blindados contra essas eventualidades.
Todo o ministro em exercício sabe que a sua qualidade de vida só começa quando passar a ser ex-ministro e puder ingressar num pinguento conselho de administração. Um parêntesis para assinalar a superior inteligência de António Vitorino do PS que conseguiu passar logo à qualidade de “ex” sem (quase) ter sido ministro.
Para além da ladroagem das PPP, conheceu-se agora que a aristocracia que tem governado as empresas públicas nos fez perder milhares de milhões de euros em swaps.
O centrão dos negócios tem andado a lançar nevoeiro sobre o caso. A artilharia passista e socrática tem-se focado no “quando” a ministra das finanças conheceu o buraco dos swaps. Ora, o que de facto interessa saber é “quando” se abriu o buraco, “quanto” é o buraco, “quem” é que o abriu.
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— swaps contratados até à falência do Lehman Brothers (14/9/2008), feitos nos tempos em que o “subprime” era sexy, podem ser colocáveis na prateleira de “azares de gestão”;
— depois da falência do Lehman Brothers e do que se soube das práticas da banca de investimentos, qualquer contratualização de swaps exóticos não tem perdão: os responsáveis devem ser demitidos. Se tivéssemos justiça, deviam ser presos. Não temos. Veja-se o caso do BPN.
Para terminar, tanto esta pouca vergonha dos swaps como a das PPP, para além de ilustrarem a voracidade egoísta das nossas elites, mostram também que o actual capitalismo financeiro vive cada vez mais de rendas que do lucro. Isto é, precisa de corromper a decisão política.
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