Lapsos, asneiras e ramos secos*

* Hoje no Jornal do Centro aqui

1. Antes de ir aos tropeções alheios, é melhor tratar primeiro dos meus. 

No último Olho de Gato, troquei a data da visitação do Santo Ofício à mui nobre e sofrida cidade de Viseu. O raide do inquisidor Diogo de Sousa à cidade beirã não aconteceu, como escrevi, em 1653, mas sim dezasseis anos antes, em 1637, ainda reinavam por cá os Filipes.

Fica a correcção e um pedido de desculpas aos leitores.


2. O actual ministro da Administração Interna é exactamente o contrário do seu antecessor.

Eduardo Cabrita foi uma desgraça, lembremo-nos do concurso à trouxe-mouxe de umas golas anti-fumo que afinal ardiam, lembremo-nos dos migrantes de Odemira arrancados da cama a altas horas de madrugada e baldeados para uma unidade turística “okupada” através de uma requisição civil absurda.

Já José Luís Carneiro é um político muito cuidadoso, prudente, discreto e trabalhador. Ele e Duarte Cordeiro, o ministro do Ambiente, são excepções dentro de um ramalhete ministerial fraco e sem ideias, incapaz de mobilizar o país, a precisar de uma podadela urgente dos seus muitos ramos secos.

Dito isto, que é objectivo, vamos ao “no melhor pano cai a nódoa”. Não é que, no dia 10 de Julho, José Luís Carneiro reconheceu que tinha telefonado ao presidente da RTP para “manifestar desagrado” sobre um vídeo-cartoon crítico da polícia? 

Quando o ouvi a revelar este telefonema fiquei espantado. José Luís Carneiro, que parecia incapaz de partir um prato, afinal é capaz de partir a baixela toda. Ó homem, por cá um governante não telefona a um órgão da comunicação social a dar recados. Isso é na Hungria de Orbán. 


Financial Times, 22/8
3. António Costa, no início do ano, criou um ministério novo em trinque, o da Habitação, e entregou-o a Marina Gonçalves, uma “ex-jotinha” esquerdista, próxima de Pedro Nuno Santos, que não sabe nada da vida fora dos gabinetes da corte lisboeta.

O resultado vê-se: em poucos meses, com a sua hostilidade aos proprietários e investidores, a ministra conseguiu minar o bem mais decisivo de um mercado  imobiliário — a confiança. Isto é, vamos ter menos habitação e mais cara. Um fiasco. Mais um ramo seco.

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