Rendas (#2)*
* Texto publicado no Jornal do Centro há exactamente dez anos, em 15 de Agosto de 2013
1. A aristocracia dos conselhos de administração das empresas públicas acumulou uma dívida superior a 30% do PIB (contabilidade anterior ao buraco dos swaps).
Há que acrescentar que há um trânsito descarado desta casta entre o público e o privado/rentista. Vejam-se os casos anedóticos dos presidentes dos bancos privados que são pensionistas da CGD.
Nos casos de rentismo, então, tem sido um fartar-vilanagem. Ainda ninguém falava no assunto já aqui se "siglava" com cinco pês esse roubo ao futuro: PPPPP - Parcerias-Prejuízos-Públicos-Proveitos-Privados.
Na primavera de 2011, quando já estava a acabar a festa negocista socrática, passou-se o caso mais flagrante deste trânsito: o então presidente das Estradas de Portugal transferiu-se para a Opway/Ascendi/BES. Passou de número um público para número um rentista. Foi tudo legal e o homem fartou-se de bradar que "quem-não-deve-não teme".
Como uma boa parte dos deputados influentes exerce a sua função em part-time e está também na folha de pagamentos de privados, não se espere que o nosso parlamento mexa no regime de incompatibilidades desta casta.
2. Nos tempos que correm, o capitalismo financeiro privilegia a renda em detrimento do lucro.
Está a acontecer um movimento contrário ao início do capitalismo. Na altura, formas de riqueza imóvel (as terras e as suas rendas) foram ultrapassadas por formas móveis de propriedade (o lucro da produção industrial). Claro que agora as rendas são diferentes das do pré-capitalismo. Assunto a tratar num futuro Olho de Gato.
3. Duas primeiras constatações sobre o cozinhado das listas autárquicas de Viseu:
(i) nos lugares elegíveis para a câmara e assembleia municipal, o aparelhismo partidário mais seguidista e acrítico, polvilhado aqui e ali com um ou outro académico para enfeitar;
(ii) nas listas de freguesia, generosidade e amor à comunidade.
1. A aristocracia dos conselhos de administração das empresas públicas acumulou uma dívida superior a 30% do PIB (contabilidade anterior ao buraco dos swaps).
Há que acrescentar que há um trânsito descarado desta casta entre o público e o privado/rentista. Vejam-se os casos anedóticos dos presidentes dos bancos privados que são pensionistas da CGD.
Nos casos de rentismo, então, tem sido um fartar-vilanagem. Ainda ninguém falava no assunto já aqui se "siglava" com cinco pês esse roubo ao futuro: PPPPP - Parcerias-Prejuízos-Públicos-Proveitos-Privados.
Na primavera de 2011, quando já estava a acabar a festa negocista socrática, passou-se o caso mais flagrante deste trânsito: o então presidente das Estradas de Portugal transferiu-se para a Opway/Ascendi/BES. Passou de número um público para número um rentista. Foi tudo legal e o homem fartou-se de bradar que "quem-não-deve-não teme".
Como uma boa parte dos deputados influentes exerce a sua função em part-time e está também na folha de pagamentos de privados, não se espere que o nosso parlamento mexa no regime de incompatibilidades desta casta.
2. Nos tempos que correm, o capitalismo financeiro privilegia a renda em detrimento do lucro.
Está a acontecer um movimento contrário ao início do capitalismo. Na altura, formas de riqueza imóvel (as terras e as suas rendas) foram ultrapassadas por formas móveis de propriedade (o lucro da produção industrial). Claro que agora as rendas são diferentes das do pré-capitalismo. Assunto a tratar num futuro Olho de Gato.
3. Duas primeiras constatações sobre o cozinhado das listas autárquicas de Viseu:
(i) nos lugares elegíveis para a câmara e assembleia municipal, o aparelhismo partidário mais seguidista e acrítico, polvilhado aqui e ali com um ou outro académico para enfeitar;
(ii) nas listas de freguesia, generosidade e amor à comunidade.
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