Barroso*
* Texto publicado no Jornal do Centro há exactamente dez anos, em 21 de março de 2013
1. Foi há dez anos, em 16 de Março de 2003, que Bush, Blair, Aznar e Barroso fizeram a Cimeira das Lajes. Três dias depois começou a guerra do Iraque, um erro estratégico que tirou força ao ocidente, um erro moral que devia levar o sr. Blair e o sr. Bush ao banco dos réus.
Dos quatro figurões das Lajes, já só Barroso é que está no activo. Aquele dia foi uma tragédia para o mundo mas foi um jackpot para ele que, a seguir, foi colocado por Tony Blair (essa nefasta criatura) a presidir à “Europa”.
Já se pode fazer um balanço da qualidade do trabalho de Durão Barroso em Bruxelas: com ele, as instituições comunitárias apagaram-se e os estados grandes aproveitaram aquele apagamento para prevaleceram sobre os pequenos. Isto é: a União Europeia andou para trás.
Ultimamente, Durão Barroso tem falado muito de Portugal e isso é sinal que o servidor de cafés nas Lajes quer ir viver para o Palácio de Belém em 2016 (isto se Cavaco não resignar antes). Ora, Barroso foi um mau primeiro-ministro, é um mau presidente da “Europa” e será um mau presidente da república.
Para que tal não aconteça, era bom que a esquerda não desse os mesmos tiros nos pés que deu com o alegrismo, essa invenção de Carlos César e Francisco Louçã que valeu menos de 20% dos votos.
2. O recente “Manifesto pela Democratização do Regime” merece leitura atenta. Propõe primárias abertas nos partidos para todos os cargos políticos, votações em nomes e não em listas e transparência nos dinheiros das campanhas.
Entre os cinco autores do texto, um homem pouco conhecido mas admirável: Ventura Leite, ex-deputado socialista, afastado em 2009 pelo socratismo por causa das suas posições anti-corrupção.
Este manifesto foi muito mediatizado mas é estéril: os actuais cinco partidos só mexem a sério neste pântano político quando virem o eleitorado a fugir para partidos novos.
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