Jardins Efémeros *
* Publicado no Jornal do Centro há exactamente dez anos, em 12 de Outubro de 2012
1. Em Julho, Viseu viveu os Jardins Efémeros. Foram seis dias e seis noites em que a cidade gostou de se rever no seu centro histórico.
Na Praça D. Duarte, na Praça da Erva, na Casa do Tempo, na Garagem da Maria Xica, em vários sítios, filmes, músicas, instalações, teatro, gastronomia, debates, distracções, gente a acorrer, gente a conviver, gente “há-tantos-anos-que-não-te-via-pá-dá-cá-um-abraço!”, gente de todas as idades, gente de todos os escalões de IRS, gente de todas as universidades da vida. Foram seis dias e seis noites com uma ecologia humana amável, tolerante, civilizada.
Viseu, cidade linda, é ainda mais linda com estes “sinais exteriores de riqueza cultural.”
É claro que tudo isto não aconteceu por acaso: aqueles seis dias e seis noites significaram muito trabalho de preparação, muita capacidade de resolução de problemas, de criação, de frugalidade, de mobilização.
Fotografia de Fernando Rodrigues
A “alma” dos Jardins Efémeros foi e é a Sandra Oliveira. E o método da Sandra Oliveira é aquilo que Richard Sennett chama “espírito artesanal” e que designa “o desejo de fazer uma coisa bem feita simplesmente pelo prazer ou pelo facto de a fazer bem.”
Infelizmente, na última assembleia municipal, o mau hálito da partidarite foi incapaz de consensualizar um louvor aos Jardins Efémeros. Isso, que é espuma politiqueira, não faça a cidade perder o foco. E o foco é fazer dos Jardins Efémeros uma tradição do nosso viver colectivo. Venha a edição de 2013.
2. O draculismo fiscal do dr. Gaspar decidiu aplicar à classe média uma sobretaxa de 4% no IRS. Ora, como é sabido, todos os presidentes da câmara em geral e o dr. Ruas em particular têm a possibilidade legal de aliviar até 5% o IRS do seu concelho.
O dr. Ruas vai preferir ficar ao lado do dr. Gaspar ou ao lado dos viseenses?
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