A margem — [Cláudia R. Sampaio #4]
Ando feita de crisântemos
luz, banhos de ouro
e perfumes franceses.
Nota-se assim que falo
que um outro eu me substituiu.
Sou agora quase feita de
anúncio de tv,
cara de porcelana e alma
de fermento.
Sonhei.
Os demónios da boca seca
fizeram-me levantar da cama e
suspensa por um fio de vida
redimi-me à margem solta
de um suspiro que ainda
falta.
Desfez-se-me o fermento e
a alma, encolhida,
coube-me perfeitamente na
fronha da almofada.
Cláudia R. Sampaio
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