Wild Geese, de e por Mary Oliver — Gansos selvagens, versões de Ana Luísa Amaral e de Jorge Sousa Braga




You do not have to be good.
You do not have to walk on your knees
For a hundred miles through the desert, repenting.
You only have to let the soft animal of your body
love what it loves.
Tell me about your despair, yours, and I will tell you mine.
Meanwhile the world goes on.
Meanwhile the sun and the clear pebbles of the rain
are moving across the landscapes,
over the prairies and the deep trees,
the mountains and the rivers.
Meanwhile the wild geese, high in the clean blue air,
are heading home again.
Whoever you are, no matter how lonely,
the world offers itself to your imagination,
calls to you like the wild geese, harsh and exciting --
over and over announcing your place
in the family of things.
Mary Oliver





Ana Luísa Amaral e Luís Caetano conversam sobre 
Wild Geese / Gansos Selvagens aqui


Não precisas de ser bom.
Não tens de percorrer o deserto de joelhos, cem milhas do deserto, em penitência.
Basta-te deixar que o suave animal do teu corpo ame aquilo que ama.
Diz-me do desespero, o teu, e eu digo-te do meu desespero.
Entretanto o mundo continua.
Entretanto o sol e os seixos límpidos da chuva
movem-se ao longo de paisagens
por sobre as pradarias e as árvores cerradas,
as montanhas e os rios.
Entretanto os gansos selvagens, lá em cima no ar azul e limpo,
regressam a casa.
Quem quer que sejas, não importa quão sozinho te sintas
o mundo abre-se à tua imaginação,
chama-te como os gansos selvagens, ásperos, wxcitados —
anunciando o teu lugar várias vezes, repetidamente,
na família das coisas.
Mary Oliver
Trad.: Ana Luísa Amaral


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Não tens que ser bom.
Não tens que caminhar ajoelhado
durante quilómetros através do deserto, em sinal de arrependimento.
Só tens que deixar o afável animal do teu corpo amar aquilo que ama.
Fala-me do teu desespero e eu falar-te-ei do meu.
Entretanto o mundo não pára.
Entretanto o sol e os seixos transparentes da chuva
movem-se através da paisagem
sobre as pradarias e as árvores mais altas,
as montanhas e os rios.
Entretanto os gansos selvagens, lá no alto do céu de um límpido azul,
dirigem-se para casa de novo.
Quem quer que tu sejas, por mais solitário que estejas,
o mundo oferece-se à tua imaginação,
chama-te como os gansos selvagens, duma forma áspera e emocionante —
repetidamente anunciando o teu lugar
na família das coisas.
Mary Oliver
Trad.: Jorge Sousa Braga


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