GAFA*

* Hoje no Jornal do Centro — aqui


1. Em 2012, no Le Monde, Cécile Ducourtieux cunhou o acrónimo GAFA para designar os gigantes tecnológicos (Google, Amazon, Facebook, Apple). O termo pegou de estaca e é corrente para designar as grandes empresas tecnológicas, não só as quatro referidas.


Imagem daqui


Há, por esse mundo fora em geral, e pela "Europa" em particular, uma crescente acrimónia em relação a estes mamutes monopolistas (quando aparece concorrência, eles compram-na, como fez o Facebook ao Instagram quando este lhe começou a fazer sombra).

O Google e o Facebook são máquinas de fazer dinheiro em que nós somos o produto. As nossas partilhas, as nossas pesquisas, as nossas compras, as nossas leituras, as nossas deslocações, os nossos dados biométricos, tudo é guardado, algoritmado, tudo vira big-data, de tudo as grandes tecnológicas fazem semente para posterior colheita de receitas publicitárias.

Revelou-se um completo fiasco a ideia da "democracia participativa", com base na internet, ideia que alimentou movimentos políticos utopistas como os partidos "piratas" do norte da Europa, ou o movimento populista Cinco Estrelas italiano.

Ninguém acredita mais no "benigno" hacker que se introduz nos computadores dos poderosos, como Robin Hood fazia na floresta de Sherwood para tirar aos ricos para dar aos pobres. Tudo isso se esfumou na actual ecologia anti-centífica e anti-factual das redes sociais, onde medram fake-news e tribalização identitária.

Os GAFA estão com poder a mais. É preciso pô-los na ordem. Não podemos contar com os EUA que já foram um país exemplar nas leis anti-trust, agora são umas múmias paralíticas com um presidente disfuncional.

Para começo de conversa, há que pôr os GAFA a pagar impostos. Os países que tentaram isso unilateralmente foram torpedeados pelos EUA. Trump impôs taxas de 100% aos queijos e vinhos franceses quando, no ano passado, a França avançou com o chamado “Imposto Gafa”. Vai ter que ser a União Europeia a fazê-lo. É justo que o faça. E é necessário. A “bazuca” europeia acabada de aprovar precisa de novas fontes de receita.

2. As recentes eleições distritais no PS-Viseu destaparam um potencial sarilho em Resende.

O actual presidente da câmara, Garcês Trindade, ainda pode ir mais uma vez a votos nas próximas autárquicas. Só que o anterior líder distrital, o poderoso resendense António Borges, não o quer mais à frente do município. E, como se constata no resultado eleitoral de sábado os militantes socialistas de Resende fazem o que Borges quer e não o que Garcês quer.

Adivinham-se tempos duros entre os socialistas daquela simpático concelho duriense.

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Alguma "bibliografia" para o ponto 1: 

aqui , aqui, aqui, aqui, aquiaqui, aqui, aqui, aqui.

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