Discursos de ódio*

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A ministra de estado Mariana Vieira da Silva disse esta semana, no parlamento, que estava "em vias" (sic) de abrir um concurso público para "monitorizar" (sic) a internet à procura de "discursos de ódio".



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A ministra está com o coração cheio de ódio ao "discurso de ódio" e quer "perceber aspectos como a forma de propagação deste discurso nas plataformas 'online', as mensagens que contém, identificar autores, monitorizar processos de queixas, entre outros aspectos." 

Em resumo, ela quer classificar conteúdos: uns bons, uns maus, uns assim-assim. Os que os seus "monitores", lá no critério deles, qualificarem como odientos vão ser perseguidos.  

Quem tem estado atento à pulsão censória do identitarismo não estranha este caminho. Este ataque à liberdade de expressão evoluiu do clássico "o-que-tu-dizes-ofende-me" (e muita gente de bem, para evitar chatices, pediu desculpa) para "o-que-tu-dizes-ofende-me-portanto-cala-te" (e muita gente de bem, para evitar chatices, calou-se). Agora os chuis da linguagem, no poder ou com influência no poder, subiram a parada e ameaçam: "o-que-tu-dizes-ofende-me-cala-te-ou-és-castigado".

Enfim. Alguma dessa malta politicamente correcta vai ganhar agora uns bons euritos com a ministra Mariana Vieira da Silva e produzir uns "barómetros" (sic) da treta que hão-de dar umas manchetes nos media e as indignações do costume nas redes sociais. Enquanto tivermos um primeiro-ministro democrata e respeitador do estado de direito como António Costa não virá daí grande mal ao mundo.

Problemas a sério para a liberdade de expressão só surgirão quando tivermos no poder um primeiro-ministro autoritário. Quando isso acontecer, estes "monitores da internet" da ministra Mariana Vieira da Silva, ou outros censores como eles, vão perseguir quem escreva textos desfavoráveis ao governo de turno alegando que os mesmos são "discursos de ódio".

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