Uma farsa metafísica
Em 1960, no pátio de entrada do Museum of Modern Art de Nova York, Jean Tinguely incendiou a sua complexa e muito alta 'Homenagem a Nova York'. A construção metálica desabou num clarão enorme («um relâmpago desce do ar»). Seguir-se-iam outras peças «auto-destrutivas». (...)
A peça «auto-destrutiva» é uma farsa metafísica concebida segundo a reiteração de uma lógica milenar. Só a auto-destruição pode validar actos de renovação libertos das ilusões da permanência, da vanglória do desafio à morte. (...)
No seu suicídio jubilatório, a peça «auto-destrutiva» desarma a morte mais que o pode fazer qualquer ode à imortalidade. E o último a rir é deveras o melhor.
George Steiner, in GRAMÁTICAS DA CRIAÇÃO
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