Verão

Fotografia de Guilherme Stecanella




As árvores carinhosas,
o dia duradouro.
A lágrima do seio,
as gotas de coceira.
As sobrancelhas apertadas,
o pulso nas têmporas.
A canção dos pernilongos,
a invisibilidade brava.
O subsolo ao chão,
a autoafirmação das baratas.
Mangas e mamões,
o podre feito doce.
A fome de goles,
a água benta.
A pele carregada,
a distância do fôlego.
O visco do amor
evaporado até a irrelevância.
A febre das paredes,
o sono de uma demente.
A misericórdia dos trovões,
peço uma destruição –
é bela a tempestade.
Isabela Sancho



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