Identitarismos e tílias*
* Hoje no Jornal do Centro
1. Na madrugada de 30 de Maio, num autocarro londrino, Chris e Melanie foram atacadas por um grupo de cinco grunhos, que lhes ordenaram que se beijassem, chamaram-nas lésbicas e, pior do que isso, agrediram-nas e roubaram-nas.
Foi um ataque homofóbico que despertou uma onda de solidariedade enorme. A fotografia de Chris e Melanie a sangrarem correu mundo e viralizou.
As cinco alimárias já estão identificadas e presas mas a sua prisão não encerrou o caso. Duas semanas depois, no The Guardian, Chris escreveu um texto a mostrar que viu oportunismo naquela onda de solidariedade para com ela e a sua namorada.
O seu “raciocínio” é mais ou menos assim: quando partilham a nossa fotografia, o que vos faz mexer é o “voyeurismo”, é a “titilância” dos títulos nos media, é a imagem “de duas mulheres cisgéneras, brancas e atraentes”.
Ora, isto é típico dos tempos que vivemos. Os identitários já não são capazes de conceber uma comunidade constituída por pessoas com um chão comum e um projecto de convivência colectiva capaz de conjugar as diferenças em paz e solidariedade.
Os identitários já só conseguem ver grupos, subgrupos e sub-subgrupos de indivíduos ressentidos, em conflito e com características tribais cada vez mais intrincadas. Chris, além de cisgénera (vá ver ao dicionário, caro leitor), quis identificar-se ainda como uma bissexual que recusa a “hipocrisia” das “boas vibrações” que lhes endereçou o “sistema capitalista, supremacista branco e patriarcal”.
Para quem vive neste universo mental, um homem branco e heterossexual tem sempre culpa. Se ele partilhou a fotografia de Chris e Melanie não o fez por solidariedade com elas e repulsa pelos grunhos. Fê-lo porque é um voyeur supremacista e patriarcal.
2. Apesar de as câmaras agora preferirem o choupo, esse “eucalipto urbano” de crescimento rápido, ainda há algumas velhas tílias nas avenidas e nas praças. Por exemplo, no Rossio de Viseu.
1. Na madrugada de 30 de Maio, num autocarro londrino, Chris e Melanie foram atacadas por um grupo de cinco grunhos, que lhes ordenaram que se beijassem, chamaram-nas lésbicas e, pior do que isso, agrediram-nas e roubaram-nas.
Foi um ataque homofóbico que despertou uma onda de solidariedade enorme. A fotografia de Chris e Melanie a sangrarem correu mundo e viralizou.
As cinco alimárias já estão identificadas e presas mas a sua prisão não encerrou o caso. Duas semanas depois, no The Guardian, Chris escreveu um texto a mostrar que viu oportunismo naquela onda de solidariedade para com ela e a sua namorada.
O seu “raciocínio” é mais ou menos assim: quando partilham a nossa fotografia, o que vos faz mexer é o “voyeurismo”, é a “titilância” dos títulos nos media, é a imagem “de duas mulheres cisgéneras, brancas e atraentes”.
Ora, isto é típico dos tempos que vivemos. Os identitários já não são capazes de conceber uma comunidade constituída por pessoas com um chão comum e um projecto de convivência colectiva capaz de conjugar as diferenças em paz e solidariedade.
Os identitários já só conseguem ver grupos, subgrupos e sub-subgrupos de indivíduos ressentidos, em conflito e com características tribais cada vez mais intrincadas. Chris, além de cisgénera (vá ver ao dicionário, caro leitor), quis identificar-se ainda como uma bissexual que recusa a “hipocrisia” das “boas vibrações” que lhes endereçou o “sistema capitalista, supremacista branco e patriarcal”.
Para quem vive neste universo mental, um homem branco e heterossexual tem sempre culpa. Se ele partilhou a fotografia de Chris e Melanie não o fez por solidariedade com elas e repulsa pelos grunhos. Fê-lo porque é um voyeur supremacista e patriarcal.
2. Apesar de as câmaras agora preferirem o choupo, esse “eucalipto urbano” de crescimento rápido, ainda há algumas velhas tílias nas avenidas e nas praças. Por exemplo, no Rossio de Viseu.
Fotografia Olho de Gato |
Snife o seu perfume. Está na potência máxima.
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