Boomerang*

* Texto publicado no Jornal do Centro há exactamente dez anos,  em 12 de Junho de 2009 


1. No dia 8 de Dezembro de 2006, escrevi aqui no Olho de Gato:
“O desgaste da imagem dos professores junto da opinião pública feito pela Ministra da Educação é um boomerang que vai cair na cabeça do PS e do governo. É só deixar passar a água debaixo das pontes.”



A água passou debaixo das pontes. O boomerang caiu na cabeça do PS e do governo.

Foi nas eleições do domingo passado.

2. O código genético do PS é a liberdade.

A liberdade de as pessoas poderem pôr sal no pão sem o estado estar a meter o nariz no assunto.

A liberdade das pessoas poderem circular sem serem chipadas.

A liberdade de se poder dizer que a barbárie marilurdista gosta de bufos e delatores.

A liberdade de se poder dizer que nem tudo o que é bom para o senhor António Mota Coelho Engil é bom para o país.

A liberdade de se poder dizer que o secretário de estado que disse querer trucidar os funcionários públicos devia arranjar outro emprego.

A liberdade de se poder lembrar aos militantes do PS que congressos “albaneses” – como os de Mangualde e de Espinho - são o cemitério da política.

A liberdade de se poder dizer que é um erro moral fazer política a promover a inveja e a schadenfreude, atirando as pessoas umas contra as outras.

A liberdade de se poder dizer que Portugal precisa de um estado honrado e frugal que deixe as pessoas tratarem da sua vida e tentarem ser felizes.

3. O boomerang das europeias vai doer durante semanas.

Boys intranquilos. “Ai que ainda perco o tacho…”

Depois, os negócios do costume vão ser acelerados.

Na minha freguesia — Coração de Jesus, Viseu — o PS teve 18,5%.

A classe média está atenta.

Não é seguro que já tenha descarregado a bílis toda.

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