A lua-de-mel acabou*
* Hoje no Jornal do Centro
1. Há uns dias, um amigo do Facebook escreveu um post melancólico intitulado “Polícia de Costumes” onde confessou que não ia repetir uma publicação de 2012 de um cartoon com “uma fantasia sexual comum entre homens e mulheres”. É que, há sete anos, aquela brincadeira teve muitos likes e “meia dúzia de comentários” bem-humorados, mas, se a republicasse agora, ia ter que perder tempo com as “cabeças púdicas e policiais que andam por aí a voar aos círculos”.
É verdade: em poucos anos ficámos assim, a medir o que se pode dizer e o que não se pode dizer. As nossas sociedades estão mais crispadas, mais sectárias, mais puritanas, e o primeiro alvo dessa fúria intolerante é a liberdade de expressão em geral e o humor em particular.
Não é por acaso que a maioria do tráfego de haters no FB do Jornal do Centro acontece nos comentários às peças da sua página de paródia, o Centro Leaks - Tintol & Traçadinho.
E essa censura não vem, como diz Nassim Nicholas Taleb, “do Estado em si” mas de “uma monocultura intelectual” imposta “por uma polícia do pensamento hiper-activa nos meios de comunicação social e na vida cultural.”
Eu tenho chamado aqui “chuis da linguagem” à malta dessa “polícia do pensamento”, sempre a ver “discursos de ódio” em tudo, sempre a censurar tudo, até o capuchinho vermelho. E essa repressão é feita nos dois mundos em que nós agora habitamos: o mundo real e o mundo virtual.
2. Há um texto de Jesse Weaver, intitulado “Uma teoria unificada de tudo o que está errado na internet”, que descreve muito bem o conflito entre esses dois mundos e a forma como o nosso cérebro actua num e no outro.
De facto, a nossa lua-de-mel com a internet acabou. O fascínio já lá vai. Agora é só problemas: fake-news, trolls, cyber-bullying, pop-ups chatos, viciação tecnológica e as malditas bolhas de filtro — os algoritmos que usam os históricos de navegação para darem às pessoas sempre coisas semelhantes, fechando-as nas suas certezas, até as tribalizar.
1. Há uns dias, um amigo do Facebook escreveu um post melancólico intitulado “Polícia de Costumes” onde confessou que não ia repetir uma publicação de 2012 de um cartoon com “uma fantasia sexual comum entre homens e mulheres”. É que, há sete anos, aquela brincadeira teve muitos likes e “meia dúzia de comentários” bem-humorados, mas, se a republicasse agora, ia ter que perder tempo com as “cabeças púdicas e policiais que andam por aí a voar aos círculos”.
É verdade: em poucos anos ficámos assim, a medir o que se pode dizer e o que não se pode dizer. As nossas sociedades estão mais crispadas, mais sectárias, mais puritanas, e o primeiro alvo dessa fúria intolerante é a liberdade de expressão em geral e o humor em particular.
Imagem daqui |
E essa censura não vem, como diz Nassim Nicholas Taleb, “do Estado em si” mas de “uma monocultura intelectual” imposta “por uma polícia do pensamento hiper-activa nos meios de comunicação social e na vida cultural.”
Eu tenho chamado aqui “chuis da linguagem” à malta dessa “polícia do pensamento”, sempre a ver “discursos de ódio” em tudo, sempre a censurar tudo, até o capuchinho vermelho. E essa repressão é feita nos dois mundos em que nós agora habitamos: o mundo real e o mundo virtual.
2. Há um texto de Jesse Weaver, intitulado “Uma teoria unificada de tudo o que está errado na internet”, que descreve muito bem o conflito entre esses dois mundos e a forma como o nosso cérebro actua num e no outro.
De facto, a nossa lua-de-mel com a internet acabou. O fascínio já lá vai. Agora é só problemas: fake-news, trolls, cyber-bullying, pop-ups chatos, viciação tecnológica e as malditas bolhas de filtro — os algoritmos que usam os históricos de navegação para darem às pessoas sempre coisas semelhantes, fechando-as nas suas certezas, até as tribalizar.
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