Patrioteirismos *
* Texto publicado no Jornal do Centro há exactamente quatro anos, em 30 de Julho de 2010
1. Esta crónica ri-se do patrioteirismo de pacotilha que anda por aí à volta dos negócios da PT e recomenda a leitura de “O Império”, dos marxistas Michael Hardt e Toni Negri.
A ideia de nação não é uma ideia natural, é uma construção mental que tem evoluído ao longo dos tempos. Como disse Benedict Anderson: a nação é uma “comunidade imaginada” que, depois, “se tornou a única forma de imaginar a comunidade”.
Foi com o absolutismo e, mais tarde, com a burguesia e o capitalismo que a “nação” se organizou nos estados modernos. A nação definiu o “nós” e o “outros”, a nação declarou a guerra e a paz. Foi até a ideia de nação que acabou com as “nações subalternas” a que se chamava colónias.
O enterro do colonialismo e o derrube do muro de Berlim aceleraram a globalização. Os grandes problemas deixaram de ter soluções à escala dos países, por maiores que eles sejam.
Instituições supra-nacionais como as Nações Unidas ou o G-20 têm um papel cada vez maior. O processo globalizador criou muita jurisprudência internacional e fez surgir, até, justiça penal internacional.
Tudo isto teve consequências políticas: há cem anos, as esquerdas eram internacionalistas e cosmopolitas e as direitas eram nacionalistas e paroquiais. Agora, perante a globalização, os papéis inverteram-se.
2. José Sócrates, em dificuldades, vai disparando em todas as direcções. Já Jerónimo de Sousa, Francisco Louçã e Manuel Alegre (o mais anacrónico dos três) respondem à actual crise sistémica global com um pensamento nacionalista que só é útil aos nossos grupos económicos que vivem aconichados no estado e são incapazes de criarem riqueza. Ou de pagarem impostos decentes, como se vê na banca.
Infelizmente, ninguém nas próximas presidenciais parece capaz de agitar este pântano. A esquerda desistiu de as tentar ganhar. E Cavaco não tem rasgo.
1. Esta crónica ri-se do patrioteirismo de pacotilha que anda por aí à volta dos negócios da PT e recomenda a leitura de “O Império”, dos marxistas Michael Hardt e Toni Negri.
A ideia de nação não é uma ideia natural, é uma construção mental que tem evoluído ao longo dos tempos. Como disse Benedict Anderson: a nação é uma “comunidade imaginada” que, depois, “se tornou a única forma de imaginar a comunidade”.
Foi com o absolutismo e, mais tarde, com a burguesia e o capitalismo que a “nação” se organizou nos estados modernos. A nação definiu o “nós” e o “outros”, a nação declarou a guerra e a paz. Foi até a ideia de nação que acabou com as “nações subalternas” a que se chamava colónias.
O enterro do colonialismo e o derrube do muro de Berlim aceleraram a globalização. Os grandes problemas deixaram de ter soluções à escala dos países, por maiores que eles sejam.
Imagem daqui |
Tudo isto teve consequências políticas: há cem anos, as esquerdas eram internacionalistas e cosmopolitas e as direitas eram nacionalistas e paroquiais. Agora, perante a globalização, os papéis inverteram-se.
2. José Sócrates, em dificuldades, vai disparando em todas as direcções. Já Jerónimo de Sousa, Francisco Louçã e Manuel Alegre (o mais anacrónico dos três) respondem à actual crise sistémica global com um pensamento nacionalista que só é útil aos nossos grupos económicos que vivem aconichados no estado e são incapazes de criarem riqueza. Ou de pagarem impostos decentes, como se vê na banca.
Infelizmente, ninguém nas próximas presidenciais parece capaz de agitar este pântano. A esquerda desistiu de as tentar ganhar. E Cavaco não tem rasgo.
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