O assobio *
* Texto publicado no Jornal do Centro há exactamente quatro anos, em 16 de Julho de 2010
1. Os filmes de Emir Kusturica são únicos e inconfundíveis: têm alegria, fantasia, delírio. E muita bicharada. Os seus filmes são sempre um grande zoo.
Revi há pouco “A Vida É Um Milagre”, um filme que mostra Kusturica em baixa de forma, a repetir-se nas fórmulas e nos processos, mas que, mesmo assim, é muito divertido e recomendável.
Uma das personagens de “A Vida É Um Milagre” é uma burra desgostosa que se pranta em pranto no meio da linha do comboio e não sai, nem puxada, nem empurrada, nem ameaçada, nem batida.
A burra só se mexe e deixa passar o comboio quando se lhe assobia com jeito às orelhas.
A ala esquerda do PS, nos últimos cinco anos, não foi a consciência crítica que o partido e José Sócrates precisavam.
Em 2009, antes das eleições, a esquerda do PS preocupou-se com lugares e deixou as ideias a cargo de um homem de negócios chamado António Vitorino.
Agora, nas últimas jornadas parlamentares do PS, Ferro, Soares e Pedroso puseram-se no meio da linha a chorarem a falta de debate e de vitalidade no PS, tal qual a burra de “A Vida É Um Milagre”.
Sócrates, um cinéfilo atento, resolveu aquilo com facilidade. Só precisou de lhes assobiar com jeito às orelhas o seu novo discurso “anti-neoliberal”.
2. Caras vereadoras e caros vereadores da oposição de todas as câmaras do país, deixo-vos aqui um conselho de amigo: mesmo perante uma proposta de deliberação com parecer favorável do técnico responsável, mesmo que a decisão em causa seja adequada para o interesse público, mesmo assim votem sempre contra. Sempre.
Podem deixar a seguinte declaração de voto nas deliberações: «Apesar de concordar, voto contra porque não estou disponível para, daqui a uns anos, ser multado.»
Desta forma simples, evitam futuros processos kafkianos em tribunal. Quem vos avisa…
1. Os filmes de Emir Kusturica são únicos e inconfundíveis: têm alegria, fantasia, delírio. E muita bicharada. Os seus filmes são sempre um grande zoo.
Revi há pouco “A Vida É Um Milagre”, um filme que mostra Kusturica em baixa de forma, a repetir-se nas fórmulas e nos processos, mas que, mesmo assim, é muito divertido e recomendável.
Uma das personagens de “A Vida É Um Milagre” é uma burra desgostosa que se pranta em pranto no meio da linha do comboio e não sai, nem puxada, nem empurrada, nem ameaçada, nem batida.
A burra só se mexe e deixa passar o comboio quando se lhe assobia com jeito às orelhas.
A ala esquerda do PS, nos últimos cinco anos, não foi a consciência crítica que o partido e José Sócrates precisavam.
Em 2009, antes das eleições, a esquerda do PS preocupou-se com lugares e deixou as ideias a cargo de um homem de negócios chamado António Vitorino.
Agora, nas últimas jornadas parlamentares do PS, Ferro, Soares e Pedroso puseram-se no meio da linha a chorarem a falta de debate e de vitalidade no PS, tal qual a burra de “A Vida É Um Milagre”.
Sócrates, um cinéfilo atento, resolveu aquilo com facilidade. Só precisou de lhes assobiar com jeito às orelhas o seu novo discurso “anti-neoliberal”.
2. Caras vereadoras e caros vereadores da oposição de todas as câmaras do país, deixo-vos aqui um conselho de amigo: mesmo perante uma proposta de deliberação com parecer favorável do técnico responsável, mesmo que a decisão em causa seja adequada para o interesse público, mesmo assim votem sempre contra. Sempre.
Podem deixar a seguinte declaração de voto nas deliberações: «Apesar de concordar, voto contra porque não estou disponível para, daqui a uns anos, ser multado.»
Desta forma simples, evitam futuros processos kafkianos em tribunal. Quem vos avisa…
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