Uma queca que acabou mal
Manuel António Pina, durante uma entrevista a Luis Miguel Queirós publicada ontem no Ípsilon (link só para assinantes), fez a interpretação definitiva do soneto de Antero Tarquínio de Quental "Palácio da Ventura", trabalho de exegese jamais feito como devia em nenhuma das nossas muitas faculdades de letras.
Manuel António Pina
vai explicando por palavras
e gestos ao entrevistador ...
Sonho que sou um cavaleiro andante.
Por desertos, por sóis, por noite escura,
... com as mãos vai
apontando no seu próprio
corpo as partes da anatomia feminina
a que Antero se está a referir ...
apontando no seu próprio
corpo as partes da anatomia feminina
a que Antero se está a referir ...
Paladino do amor, busco anelante
... interrompe para
emitir sons arquejantes ...
O palácio encantado da Ventura!
... e vê como continua:
Mas já desmaio, exausto e vacilante,
Quebrada a espada já, rota a armadura...
Quebrada a espada já, rota a armadura...
E eis que súbito o avisto, fulgurante
Na sua pompa e aérea formosura!
Com grandes golpes bato à porta e brado:
Eu sou o Vagabundo, o Deserdado...
... e a seguir:
Abri-vos, portas d'ouro, ante meus ais!
... e vê como acaba:
Abrem-se as portas d'ouro, com fragor...
Mas dentro encontro só, cheio de dor,
Silêncio e escuridão - e nada mais!
... está-se
mesmo
mesmo
a ver que
é uma queca
que acabou
mal.
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