Auto-censura

     Eis o sétimo ponto do novo Estatuto Editorial do Expresso publicado no sábado:

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      "O Expresso sabe, também, que em casos muito excepcionais, há notícias que mereciam ser publicadas em lugar de destaque, mas que não devem ser referidas, não por auto-censura ou censura interna, mas porque a sua divulgação seria eventualmente nociva ao interesse nacional. O jornal reserva-se, como é óbvio, o direito de definir, caso a caso, a aplicação deste critério."

     Toda a censura e toda a auto-censura alegam sempre um "racional" qualquer, um interesse superior qualquer para calar a verdade. O álibi do interesse nacional é o que mais se usa.
     Espera-se que os "casos muito excepcionais" a que se refere o Expresso sejam tão tão excepcionais que aconteçam zero vezes.
     É que as sociedades abertas vivem da liberdade e aguentam bem toda a espécie de  "fugas" — o labor da Wikileaks deitou abaixo regimes como o de Ben Ali da Tunísia mas não abanou nenhum dos regimes democráticos alvos das "leaks" de  Julian Assange.

Corrigenda: através deste texto de Manuel António Pina percebi que, afinal, não se está perante um novo Estatuto Editorial do Expresso, mas sim da publicação do que tem estado em uso no semanário desde 1974.

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