O tormento *

     1. Estão aí as eleições presidenciais.
     Este tormento começou há um ano, em Janeiro de 2010, pelas mãos do poeta Alegre e do tele-evangelista Louçã, mais tarde acolitados por Carlos César, o tal que subtraiu os “seus” funcionários aos sacrifícios do PEC3.
     Esse trio impôs a vacuidade alegre e tornou impossível o aparecimento de um candidato com espessura, um candidato moderado e sensato capaz de fazer história, isto é, capaz de impedir a reeleição do pior presidente desta nossa terceira república.
     Pelo que fez nos últimos cinco anos, Cavaco Silva não merecia ter a vida assim tão facilitada.
Imagem "picada" daqui
     Para o tormento ser maior, toda a campanha foi feita com as candidaturas a deitarem trampa para a frente da ventoinha, trampa que depois, evidentemente, se espalhou em todas as direcções.
     O blogue Olho de Gato, no sábado, ironizou:
     Esgotado o assunto "acções do BPN", propõe-se este tema para a segunda semana da campanha: «o cavaco provoca o cancro do pulmão!»
     A segunda semana de campanha, infelizmente, não foi menos infecta. Pelo menos até à altura em que estou a escrever esta crónica (quarta-feira de manhã).
     Resta assinalar o que de positivo aconteceu:
    — foi bom Cavaco Silva ter decidido não usar outdoors.

     Recorde-se: em 2009, os partidos gastaram 29 milhões de euros dos nossos impostos em outdoors. Tem que se aplaudir o que aconteceu agora e desejar que este exemplo de contenção se repita em futuras eleições.
     — o candidato Fernando Nobre, um homem bom, não participou em campanhas sujas. Ao menos ele.

     2. O resgate grego, em Maio, foi de 110 mil milhões de euros. O irlandês, em Novembro, foi de 85 mil milhões. Esta semana o The Telegraph avançou um número para o bailout português: 80 mil milhões.
     Vai ser em Fevereiro?

* Texto publicado hoje no Jornal do Centro, com o título Presidenciais (#2)

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