O contrário de amnésia (#2) *

* Parte de um texto publicado no Jornal do Centro em 24 de Junho de 2005


     Está a ser feita a musealização da muralha da Rua Formosa.

     Muralha coeva da lista do Bloco de Esquerda por Viseu, disse eu, com ironia, no início deste ano, para escândalo e fúria dos meus amigos bloquistas.
     Estas pedras são a prova da ocupação milenar do nosso território. Os nossos avós andaram por aqui e marcaram, com a muralha, um dentro e um fora.
     Sempre foi claro, para mim, que aquele achado era muito importante. Tinha que haver uma forma de dar testemunho dele às pessoas. Na altura, não fui meigo aqui, no Olho de Gato, com uma técnica que recomendou o enterramento daquelas pedras.
     Politicamente, foi feito com eficácia e na altura própria o que tinha que ser feito. Vai ser colocado vidro por cima da muralha.
     Espero que, para lá das quadrículas de vidro, das luzes e das máquinas, se saiba mostrar aos passantes e aos visitantes, a singularidade daquele lugar.
     Têm a palavra os especialistas. 

     Falem também os criativos, os poetas, os músicos, os artistas. Saiba-se contar a história daquilo. Com aquela nossa memória preservada, faltam agora as histórias daquela história.

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