Regresso ao Futuro*

* Hoje no Jornal do Centro, de novo também em papel


1. Para o dia em que o Jornal do Centro regressa à edição em papel, socorro-me do título do velhinho filme de Robert Zemeckis, em que Michael J. Fox faz uma viagem no tempo para trás e, depois, uma viagem no tempo para a frente. 

Termos este jornal de novo nas bancas é mesmo isso: um regresso ao seu passado (foi em papel que nasceu, em Março de 2002), mas sem abandonar as plataformas digitais, onde todos os dias apresenta jornalismo escrito e audiovisual, sem interrupções, nem durante os anos da peste, e em que todos os dias nos conta o que está a acontecer na região de Viseu. 

Isto é, a partir de hoje, o Jornal do Centro deixa contente Johannes Gutenberg, o inventor da máquina de multiplicar textos escritos em papel, sem com isso entristecer Marshall McLuhan, o génio canadiano que pressentiu, com décadas de antecedência, a chegada da internet a esta aldeia global, onde as pessoas vivem imersas num fluxo ininterrupto de informação, em múltiplos e variegados suportes. 

Como dizia o outro, é muito difícil fazer previsões, especialmente sobre o futuro. Mas, mesmo assim, arrisco: a mediasfera vai ter cada vez mais formatos, mais canais, mais plataformas, mais tecnologias. E isso vai acontecer num processo aditivo: a chegada de uma solução nova não faz desaparecer uma já existente. 

Aquela canção que dizia “Video Killed The Radio Star” falhou clamorosamente.



O vídeo não matou a rádio. E o Spotify não aniquilou a MTV, onde primeiro passou aquele videoclip tremendista dos Buggles. E o streaming não vai exterminar o cinema em sala escura. E os écrans não vão acabar com o papel. 

E, acima de tudo, nada irá substituir o jornalismo livre, independente e profissional, como o que é feito no Jornal do Centro.


2. Mais uma vez, relembro que esta coluna usa o método de Norberto Bobbio: devemos escolher uma parte, depois dessa escolha feita há que exercer o juízo crítico com severidade, especialmente com a nossa parte. 

Esta maneira de ver o mundo, de que não prescindo, é cada vez menos praticada. A maior parte dos ditos “fazedores de opinião” já só escreve para a sua tribo, dizendo bem dela e mal das adversárias.



Comentários

  1. Olho de gato:
    MB, parabéns!
    Análise política, sociológica, económica, filosófica, factual, transversal, multidimensional, diversificada, assertiva, local, nacional, internacional, etc., etc.
    Apenas um problemazinho que por vezes estraga os belíssimos textos: o vernáculo.
    Obviamente que se pode dizer :
    E a liberdade de expressão? Tem os seus limites!
    O wokismo a funcionar? Não parece.
    O lápis azul a reaparecer? Outros contextos.
    Quem não quer, não lê! Também não será assim.
    Então?
    A opinião de cada um, não tem que ser a das massas, embora as redes sociais tenham transformado o sentido de opinião.
    Algo a ponderar.
    Uso da ética? respeito pelo outro? questão de valores? Coerência? ( um professor e sempre um professor) Opção?
    Não há respostas ideais.

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