A febre da república — II*
* Texto publicado no Jornal do Centro há exactamente dez anos, em 6 de Junho de 2014
1. Todos os entre-aspas que se seguem são transcritos de uma crónica publicada aqui, em 13 de Abril de 2012, com o título "A febre da república".
"Era muito importante uma revisão constitucional que, pelo menos, assegurasse:
— um mandato presidencial de sete anos não renovável (agora, nos primeiros mandatos, os presidentes pensam mais na sua reeleição do que no país);
— redução do número de deputados e proibição do exercício do cargo em part-time;
— permitir eleições e referendos em simultâneo e acabar com os prazos bizantinos à volta das eleições e da formação de novos governos (...)"
E perguntava mais à frente: "Será que Passos Coelho e António José Seguro percebem que devem divergir o mais possível nas políticas mas porem-se de acordo na necessária reforma da terceira república?"
Como se sabe, nem PPC nem AJS perceberam essa necessidade. Seguro, por exemplo, na primavera de 2012 era, todo ele, uma abstenção violenta, opôs-se até ao envio do orçamento para o tribunal constitucional. Agora, acossado, o homem derrama propostas e mais propostas. Virou o paracetamol da república.
A verdade é que o eleitorado acaba de mostrar nas europeias que está zangado com o governo mas não confia na alternativa segurista.
O PS tem agora duas opções: ou muda para Costa e fica com um candidato a primeiro-ministro, ou segura Seguro e fica com o futuro vice-primeiro-ministro de Pedro Passos Coelho.
2. Já agora, mais uma transcrição do mesmo texto de Abril de 2012:
"Se nada for feito, a terceira república pode acabar. Basta, numas eleições presidenciais, aparecer um candidato anti-sistema, com uma agenda anti-corrupção, uma retórica de sobressalto nacional e a defender um regime presidencialista. (...)
Só para dar um exemplo: Marinho Pinto é, caso o queira, capaz de corporizar esta proposta de ruptura e ter um fortíssimo impacto eleitoral numas presidenciais."
Há dois anos não era claro. Agora já é.
1. Todos os entre-aspas que se seguem são transcritos de uma crónica publicada aqui, em 13 de Abril de 2012, com o título "A febre da república".
"Era muito importante uma revisão constitucional que, pelo menos, assegurasse:
— um mandato presidencial de sete anos não renovável (agora, nos primeiros mandatos, os presidentes pensam mais na sua reeleição do que no país);
— redução do número de deputados e proibição do exercício do cargo em part-time;
— permitir eleições e referendos em simultâneo e acabar com os prazos bizantinos à volta das eleições e da formação de novos governos (...)"
E perguntava mais à frente: "Será que Passos Coelho e António José Seguro percebem que devem divergir o mais possível nas políticas mas porem-se de acordo na necessária reforma da terceira república?"
A partir de uma fotografia original de Enric Vives-Rubio para o Público |
A verdade é que o eleitorado acaba de mostrar nas europeias que está zangado com o governo mas não confia na alternativa segurista.
O PS tem agora duas opções: ou muda para Costa e fica com um candidato a primeiro-ministro, ou segura Seguro e fica com o futuro vice-primeiro-ministro de Pedro Passos Coelho.
2. Já agora, mais uma transcrição do mesmo texto de Abril de 2012:
"Se nada for feito, a terceira república pode acabar. Basta, numas eleições presidenciais, aparecer um candidato anti-sistema, com uma agenda anti-corrupção, uma retórica de sobressalto nacional e a defender um regime presidencialista. (...)
Só para dar um exemplo: Marinho Pinto é, caso o queira, capaz de corporizar esta proposta de ruptura e ter um fortíssimo impacto eleitoral numas presidenciais."
Há dois anos não era claro. Agora já é.
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