Acordos de cavalheiros*

* Texto publicado no Jornal do Centro há exactamente dez anos, em 4 de Julho de 2013

1. Na semana passada, lembrei aqui que, depois do “caso” da apresentação da candidatura de Hélder Amaral, estava em risco “a boa tradição da sala de visitas da cidade, o Rossio, ser território livre de partidarices”. Aquela “boa tradição” está, de facto, em risco. O PCP-Viseu emitiu um comunicado a afirmar o seu direito inaleável à “liberdade de expressão” e apelidando de “regulamento lei da rolha” o regulamento que disciplina a propaganda aprovado em assembleia municipal em 2009. 

 A verdade é que aquele meu “partidarices” não foi feliz. “Nem parece de um democrata”, malharam-me com alguma razão num comentário no blogue Olho de Gato. 

Eis o que penso: o espaço público pode e deve ser usado pelas organizações da sociedade e, portanto, pelos partidos. Os partidos não são “associações de malfeitores”, como bem lembrou João Paulo Rebelo neste jornal. Hélder Amaral, ao fazer a sua apresentação à frente da câmara, esteve bem. Quem não esteve bem foi a câmara ao ter tentado impedir esse acto partidário. Já quanto à parafernália propagandística — faixas, pendões, cartazes, bandeirolas e demais ruído visual que não esclarece ninguém –, o ideal era que continuasse em vigor o “acordo de cavalheiros” que tem mantido o Rossio “território livre” dessas “partidarices”. No que diz respeito à “sala-de-visitas” da cidade, o regulamento aprovado em 2009 foi o formalizar de algo a que só bastava um aperto de mão entre responsáveis partidários.
De acordo, caríssimos cavalheiros do PCP?
 

 2. Hélder Amaral é a melhor solução que o CDS tinha para a candidatura à câmara de Viseu. Ora, nestas últimas semanas, o candidato centrista tem parecido uma solução que anda à procura do problema. 

Enquanto dá tiros de pólvora seca. Na “guerra civil” desencadeada à direita, Hélder Amaral tem-se focado no dr. Ruas, mas o seu problema agora está em Almeida Henriques.

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