Partidos ricos*
* Texto publicado no Jornal do Centro há exactamente dez anos, em 6 de Junho de 2013
1. Esta é uma quinzena de sonho do Teatro Viriato.
Começou no dia 1, logo às primeiras horas, com o excelente e convulsivo “Esta é a minha cidade e eu quero viver nela” de Joana Craveiro, encheu de gente as ruas, as praças e os parques, descarregou adrenalina com Olivier “João Torto” Roustan a caminhar em cima de um fio, sem rede nem anteparo, bem alto no Adro da Sé.
Esta quinzena de luxo, vai ter ainda um projecto comunitário de dança do coreógrafo André Mesquita, vai ter o Osso Vaidoso de Alexandre Soares e Ana Deus, e vai culminar, a 15 de Junho, com “A Sagração da Primavera”, num rito já quase solsticial de Olga Roriz, corpo e ...
... pulsão vital ao som de Stravinski, a dizer adeus a esta primavera recalcitrante e encamisolada.
Quinzenas de sonho como esta não acontecem por acaso, devem-se ao trabalho consistente do director do Teatro Viriato, Paulo Ribeiro.
Paulo Ribeiro não tem papas na língua. Leia-se o editorial que ele escreveu no programa do teatro para este quadrimestre. Nele, Paulo Ribeiro “chicoteia” a direcção regional de cultura do centro (DRCC) que consome, só ela, mais dinheiro que aquele que é destinado ao apoio às artes “no âmbito dos apoios tripartidos”. A DRCC nem tão pouco conhece o que está a ser feito na região, o seu último parecer sobre o Teatro Viriato tinha três miseráveis linhas.
Paulo Ribeiro termina com um “eliminem-se as gorduras e deixem-nos trabalhar!” que dá gosto e se subscreve.
2. Nas presidenciais e nas legislativas de 2011, quase não houve outdoors, agora nestas autárquicas há desta poluição visual em todo o lado. Ora, como se sabe, um outdoor não esclarece ninguém nem ganha um voto.
Temos um país pobre mas com partidos ricos a estragarem dinheiro num infantil “se-tu-pões-eu-também-tenho-que-pôr”. Esta crítica, naturalmente, estende-se também ao candidato que apoio — José Junqueiro.
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