Televisões*

* Publicado no Jornal do Centro há exactamente dez anos, em 7 de setembro de 2012


Nos últimos dez anos, o dito “serviço público” de televisão vaporizou 4 mil milhões de euros do nosso dinheiro. Numa década, a RTP derreteu dois anos de subsídios de férias e de Natal e não há nada que a RTP faça que não tenha o seu análogo na SIC e na TVI.  

Por sua vez, a migração do analógico para a televisão digital terrestre foi feita tarde e porcamente e com o poder político completamente ao serviço da PT.     

Entregar a TDT (tv gratuita) a um operador de cabo (cujo negócio é a tv paga) foi o mesmo que entregar a capoeira à raposa e diz tudo acerca da qualidade da decisão política do barrosismo e do socratismo.     

Resultado desta expropriação do interesse comum:     

— as pessoas tiveram que gastar dinheiro para ficarem com o mesmo serviço que tinham antes gratuitamente; para os muitos lugares que agora ficaram sem cobertura, foi vendido um “kit-satélite” bloqueado em quatro canais (!);     

— em 2009, no início da implantação da TDT, a Meo tinha 385 mil clientes, agora tem 1 milhão e 100 mil, um inchamento de 285,7% (!);   

— a GB ficou com 45 canais gratuitos, a Itália com 39, a Espanha com 27, até os nossos companheiros de desgraça gregos têm agora 17 canais. Em Portugal temos 4, não há nenhum canal em HD, não há nem se perspectivam canais regionais nem locais; até para a inclusão do Canal Parlamento é um “ai-Jesus!”.

O serviço público de televisão não é nada do que os políticos andam para aí a dizer. O tempo da televisão do avô cantigas já acabou.

Há que pôr a RTP a viver exclusivamente da taxa e sem publicidade. 

Estamos no século XXI: a TDT que os políticos deixaram a PT instalar é passado e nós precisamos é de futuro. Há que a pôr a oferecer, para já e no mínimo, a SICN, TVI24, RTPI, RTP Memória, RTP África e RTP Internacional.     

E há que começar a pensar na futura televisão de Viseu.


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