Saúde privada de "esquerda" e reaver a REN*

* No Jornal do Centro aqui

1. Nos anos que leva como ministra da saúde, Marta Temida tem feito muitas proclamações ideológicas em defesa do Serviço Nacional de Saúde, resultados é que não há nenhuns, muito pelo contrário. 

Editada a partir daqui

Para esta coluna, o caos a que a ministra da Saúde conduziu o SNS é tudo menos uma supresa. Meio ano depois dela ter tomado posse, fiz-lhe aqui o retrato: "a nova ministra da Saúde, Marta Temido, é uma espécie de trigémea das manas Mortágua. Interessa-se muito com a ideologia e as abstracções que quer pôr na lei de bases, mas pouco com os problemas das pessoas. Resultado: a classe média, assustada com o estado do SNS, vai arranjando seguros de saúde."

A mulher conseguiu até estragar aquilo que funcionava bem -- que o digam os bracarenses que tinham um hospital gerido em PPP que ocupava os lugares cimeiros nos rankings de qualidade e que agora, como passou a ser liderado por boys, deteriorou-se a olhos vistos e já está a fechar urgências como os outros.

Mesmo assim, sabendo do que a casa gasta, devo confessar que não estava preparado para as últimas revelações do Correio da Manhã sobre 826 contratos de prestação de serviços de médicos e enfermeiros tarefeiros. Aquele jornal mergulhou na informação disponível no Portal Base e percebeu que há quatro principais beneficiários do caos nos nosso hospitais: a Precise/EHC (de Nuno Correia Neves), a Knower/Talenter/Talenter24 (de César Santos) e duas multinacionais do trabalho temporário: a Randstad II e a Kelly Services Healthcare. Que se saiba, foram pelos menos 54 milhões de euros só para estes quatro. Mas, atenção!, há muitos contratos que não são tornados públicos pelo que isto pode ser só a ponta do iceberg.

Quanto mais o primeiro-ministro vai reconduzindo a "esquerdista" Marta Temido, mais os grupos privados de saúde têm razões para celebrar.


2. A seguir à bancarrota de 2011, os credores impuseram-nos a venda de várias empresas públicas, o que teve de ser feito em condições muito desfavoráveis. Já se sabe, com uma corda apertada à volta do pescoço ninguém consegue fazer bons negócios.

A pior destas vendas foi a da REN. A empresa que controla a rede eléctrica nacional não devia ter sido privatizada, muito menos devia estar sob controlo do estado chinês. O melindre estratégico é óbvio.  

Está na altura do estado português recomprar a REN. Isso deve ser feito o mais depressa possível.

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