Alarme no IP3*

* Texto publicado no Jornal do Centro há exactamente dez anos, em 27 de Julho de 2012

     

É verão, comece-se por brincar um pouco com as palavras para amenizar a aridez do tema desta crónica: a última penúltima página do Jornal do Centro trazia uma carta de José Matos Carvalho, candidato pelo PSD em 2009 à câmara de Mortágua, carta em que é cerzido e defendido um puzzle rodo-ferroviário para melhorar a circulação futura a sul do distrito de Viseu e adjacências coimbrãs e aveirenses.     

Exposto em quatro nutridos parágrafos, este puzzle atira um precautério ao país hiper-alcatroado mas sem uma ligação decente entre Viseu e Coimbra: José Matos Carvalho — antes que alguma máquina amarela comece a derrubar pinheiros atacados pelo nemátodo - defende a necessidade de se fazer uma, cito, “análise do previsível outcome económico e social face aos respectivos custos”. Análise que, como se sabe, jamé foi ou vai ser esquecida em alguma obra portuguesa.     

Cheguemos agora ao melindre do problema. Conforme é contado nesta carta do militante laranja de Mortágua, em 1 de Junho, no “ato de posse dos novos órgãos distritais do PSD”, o secretário de estado Sérgio Monteiro, o homem que agora manda nas estradas, “referiu-se ao problema do IP3 deixando em aberto a possibilidade de nova autoestrada ou de duplicação do atual IP3”.  


Esta coluna e a maior parte dos automobilistas (que, por definição, não pertencem aos “órgãos distritais do PSD”) desconheciam de todo esta ideia.    

Duplicação do IP3?! Fazer, a sul do distrito, a mesma asneira que foi feita com a duplicação do IP5 em que foi destruída a alternativa à A25?! Dar mais um tiro na mobilidade da região?!     

Dr. Ruas, por favor, explique lá ao secretário de estado Sérgio Monteiro que é melhor não ligar o complicómetro e fazer o que é prioritário fazer:

— uma auto-estrada de raiz entre Viseu e Coimbra;

— deixar o IP3 como alternativa não portajada.


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