Convite aos poetas da república
Fotografia de Daniel Tafjord |
Em tempos de peste dura
quando o vírus assassina
e aos outros assegura
uma vida sem vacina,
um futuro sempre incerto
numa horrível solidão,
com a morte sempre perto
parece-me haver razão,
tudo visto e bem pensado
fazer um apelo sentido
aos poetas que no passado
à lira se haviam rendido.
Nestes tempos de aflição,
quando a angústia nos devora,
não é grande petição
pedir à lira que chora
que tente mudar de vida:
que se torne atrevida,
sarcástica aguerrida,
acutilante, fodida!
Lixe-se a melancolia,
refúgio de quem não luta,
e combata-se, de dia,
o vírus filho da puta!
Às armas, caros poetas,
às armas todos os dias:
só desistem os patetas
que têm as partes frias
Eugénio Lisboa,
15.04.2020
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