Os cognitários*

* Texto publicado no Jornal do Centro há exactamente dez anos, em 24 de Junho de 2011


    A pesada herança 

No dia da assinatura do acordo político entre o PSD e o CDS, Pedro Passos Coelho disse à imprensa: "não usaremos nunca a situação que herdámos como uma desculpa para aquilo que tivermos de fazer."

Contrariamente ao que parece, isto não quer dizer que Pedro Passos Coelho se vá abster de falar da "pesada herança" que recebeu. Todo o governo que chega fala da "pesada herança" deixada pelo governo que se foi.

O que o primeiro-ministro quis dizer é que nunca vai falar nem dos submarinos nem do BPN.


Os cognitários 

Antonio Negri e Michael Hardt são os autores de “Império”, uma obra de leitura obrigatória para quem quiser compreender a ordem política mundial saída da globalização. 

Daqui

Antonio Negri gosta de seguir de perto as movimentações populares. Como não podia deixar de ser, ele esteve recentemente em Espanha a analisar o movimento dos “indignados” e contou o que viu num texto que se acha na net no blogue “Outras palavras”, com o título “Toni Negri vê a Espanha rebelde”.

Nas calles y plazas em luta, o autor andou a ouvir muitos activistas  atingidos em cheio pela crise sistémica global que chegou a Espanha em 2007 quando rebentou a bolha do imobiliário, bem antes da falência do Lehman Brothers no outono de 2008. 

Toni Negri chama a um dos sub-grupos em luta “os cognitários” porque os seus elementos são “trabalhadores digitais e cognitivos, precários do sector de serviços e de todos os géneros de actividade imaterial, estudantes e jovens sem futuro.” 

Nunca tinha lido o termo em lado nenhum: à semelhança do “proletariado” da revolução industrial, há agora o “cognitariado” das sociedades em rede. 

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