Fusíveis*

* Hoje no Jornal do Centro

1. Título de uma notícia neste jornal, em 19 de Julho: Mercado 2 de Maio, Praça Ganha Cobertura “Amiga do Ambiente”.


Fotografia Olho de Gato
No virar do milénio, Siza Vieira prantou uma eira no centro da cidade de Viseu e o dr. Ruas, paralisado pela reverência ao arquitecto, não fez nada para a melhorar.

Nos seis anos que já leva de presidência, António Almeida Henriques, que foi a votos com a promessa de dar uma volta àquele espaço, nada fez também. É verdade que, em 2015, avançou com um concurso de ideias cheio de ideias erradas, que até pretendia escarafunchar no granito para fazer ali um parque de estacionamento, mas aquilo foi um rascunho que só derreteu dinheiro e tempo.

Agora, em Julho, António Almeida Henriques saiu-se com este teaser sobre uma putativa cobertura fotovoltaica para o Mercado 2 de Maio. É um fusível político. É o truque “Greta Thunberg”. Para tentar evitar sarilhos com um projecto, nada melhor do que carimbá-lo à partida como “amigo do ambiente”.


2. Título de uma notícia neste jornal, em 2 de Agosto: Projecto do Centro Interpretativo do Estado Novo Agrada a Marcelo Rebelo de Sousa.

Leonel Gouveia, o presidente da câmara de Santa Comba Dão, é um homem determinado. Pegou no município mais falido do distrito, viu-o ser devastado em 15 de Outubro de 2017, quando até arderam as máquinas municipais, e está a recuperá-lo financeira e animicamente.

Como se isso não fosse pouco, o autarca tem também que fazer a gestão da memória de António Oliveira Salazar. Para tentar atravessar este campo minado, Leonel Gouveia deita mão não a um mas a dois fusíveis: avisa que o centro interpretativo é um projecto “científico” supervisionado por três catedráticos da universidade de Coimbra e sublinha que a “ideia foi muito bem aceite por Marcelo Rebelo de Sousa”.

O segundo fusível é melhor do que o primeiro, mas nem um nem outro vão evitar fortes descargas eléctricas naquele simpático concelho onde nasceu um antipático ditador.

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