A eira*
* Texto publicado hoje no Jornal do Centro
1. No início da tarde de sábado, depois de um bocado no Rossio de Viseu, decidi ir espreitar a feira de produtos em segunda mão que a Junta de Freguesia realizava no Mercado 2 de Maio.
O Rossio estava cheio de gente à sombra das tílias, mas aquela “eira” imaginada por Siza Vieira era uma frigideira insuportável sem um cliente. Tirei uma fotografia à enfezada sombra das magnólias que publiquei no blogue Olho de Gato e nas redes sociais, ao mesmo tempo que zurzia no arquitecto por se ter esquecido que “aquele lajedo disfuncional precisava de sombra.”
Não apareceu ninguém no Facebook a defender aquele “tropeço” granitoso que foi lá posto, em 2003, a substituir o saibro inicial. Quanto aos dezasseis anos das magnólias, recebi um comentário que dizia o essencial: pôr ali uma “árvore subtropical de folha perene e de crescimento lento” foi um erro, deviam ter sido postas lá árvores de folha caduca, de “rápido crescimento, excelentes sombras de verão e pleno sol quando mais precisamos, [no] inverno.”
2. A câmara lançou um concurso de ideias para cobertura daquele espaço que impunha a manutenção das magnólias e um estacionamento subterrâneo. A seguir, pensou melhor e desistiu do parque subterrâneo. Em 11 de Dezembro, aplaudi aqui essa desistência mas avisei: “criação em cima de premissas escorregadias corre o alto risco de trambolhar, de virar má criação” e pedi à câmara: “por favor, pense bem no que quer antes de lançar um necessário novo concurso de ideias para o Mercado 2 de Maio.”
Como as coisas estão, a câmara tem duas alternativas:
(i) convencer Siza Vieira a mudar o pavimento e utilizar árvores de crescimento rápido que assombrem aquela praça no Verão e a desassombrem no Inverno;
(ii) lançar um novo concurso de ideias com cabeça, tronco e membros, inatacável em termos jurídicos e conceptuais.
Era bom para Viseu que António Almeida Henriques tentasse com determinação a primeira alternativa junto do bom-senso do mestre.
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Ver "bibliografia" sobre este assunto aqui, aqui, aqui, aqui , aqui e aqui
Fotografia Olho de Gato |
O Rossio estava cheio de gente à sombra das tílias, mas aquela “eira” imaginada por Siza Vieira era uma frigideira insuportável sem um cliente. Tirei uma fotografia à enfezada sombra das magnólias que publiquei no blogue Olho de Gato e nas redes sociais, ao mesmo tempo que zurzia no arquitecto por se ter esquecido que “aquele lajedo disfuncional precisava de sombra.”
Não apareceu ninguém no Facebook a defender aquele “tropeço” granitoso que foi lá posto, em 2003, a substituir o saibro inicial. Quanto aos dezasseis anos das magnólias, recebi um comentário que dizia o essencial: pôr ali uma “árvore subtropical de folha perene e de crescimento lento” foi um erro, deviam ter sido postas lá árvores de folha caduca, de “rápido crescimento, excelentes sombras de verão e pleno sol quando mais precisamos, [no] inverno.”
2. A câmara lançou um concurso de ideias para cobertura daquele espaço que impunha a manutenção das magnólias e um estacionamento subterrâneo. A seguir, pensou melhor e desistiu do parque subterrâneo. Em 11 de Dezembro, aplaudi aqui essa desistência mas avisei: “criação em cima de premissas escorregadias corre o alto risco de trambolhar, de virar má criação” e pedi à câmara: “por favor, pense bem no que quer antes de lançar um necessário novo concurso de ideias para o Mercado 2 de Maio.”
Como as coisas estão, a câmara tem duas alternativas:
(i) convencer Siza Vieira a mudar o pavimento e utilizar árvores de crescimento rápido que assombrem aquela praça no Verão e a desassombrem no Inverno;
(ii) lançar um novo concurso de ideias com cabeça, tronco e membros, inatacável em termos jurídicos e conceptuais.
Era bom para Viseu que António Almeida Henriques tentasse com determinação a primeira alternativa junto do bom-senso do mestre.
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Ver "bibliografia" sobre este assunto aqui, aqui, aqui, aqui , aqui e aqui
Esta situação não parece ter fim ou solução.
ResponderEliminarUm espaço amplo,calmo,central,etc e tal e que a cidade não desfruta.
Organizem-se,carago!
É ver a bibliografia no rodapé deste post, JB
EliminarOrganizem-se, carago!
Como já te tinha informado, a opção pelo Lagedo não foi do arquitecto. Este foi colocado, como bem sabes, depois da obra entregue ao dono de obra. Não se insista mais no que não é verdade. Actualmente as árvores foram colocadas em vaso durante a obra. Sou da opinião que se balnearão satisfeitos com as árvores escolhidas, coloquem outras para atenuar o ar de pavilhão e até para tentar corrigir os danos graves de acústica originados por tal cobertura. Na minha opinião será sempre reparar danos. Depois de muitos milhões o que fica está muito pior do que antes comprometendo o equilíbrio arquitectónico do centro histórico, coisa que pelo menos a obra anterior teve esse cuidado e pudor.
ResponderEliminarCaro anónimo, sobre o assunto que refere e o triplo erro cometido, em 21 de Novembro de 2003, já lá vão vinte anos, escrevi o seguinte no Jornal do Centro:
Eliminar"Foi pavimentada a Praça das Magnólias, no Antigo Mercado 2 de Maio. Onde havia saibro há, agora, paralelos de granito.
Tanto devem ter chagado a cabeça de Siza Vieira que o homem cedeu. Foi pena. O problema deste espaço do nosso Centro Histórico, como repetidamente tenho afirmado, não é de hardware, é de software. Estar lá saibro, ou estarem lá paralelos, no ponto de vista de apelo às pessoas, é igual.
Pavimentar a Praça das Magnólias foi um triplo erro:
(i) um erro técnico porque aumentou a aridez do espaço ao perder-se a plasticidade e o comportamento térmico do saibro;
(ii) um erro estético porque acentuou a artificialidade daquele polígono;
(iii) um erro financeiro já que isentou o anterior empreiteiro das suas responsabilidades contratuais: se o saibro que lá estava era uma porcaria devia ter sido lá posto um em condições."
desculpa não queria que fosse "anónimo"; não sei como fiz para fazer este comentário de forma anónima. Desculpa e não é da minha fazer comentários que não assine. Sou a Sandra Oliveira. abraço.
EliminarOlá, Sandra, bom diiiiaaaaa!
Eliminar:-)