Web 2.0*

* Texto publicado no Jornal do Centro há exactamente dez anos, em 9 de Janeiro de 2009


1. Em 2008, os media tradicionais perderam audiência para a Web 2.0, a internet dos blogues, das redes sociais, do YouTube, da wiki, …
     
É conhecida a diferença entre eles: enquanto nos media tradicionais temos “um a falar para muitos”, na Web 2.0 temos “muitos a falar para muitos”.
     
Na Web 2.0 milhões e milhões de “formigas” produzem e disseminam informação. Isto é novo e tem consequências no “formigueiro”.
     
Obama foi um campeão da Web 2.0. Os seus vídeos no YouTube foram vistos por 50 milhões de pessoas. Os donativos angariados através da net permitiram a Obama dispensar até o uso de fundos públicos.

Paulo Guinote
Em Portugal, o entendimento assinado em Abril entre os sindicatos e o ministério da educação foi estilhaçado pelos blogues dos professores. Foram os blogues que mostraram o labirinto sádico do modelo de avaliação de professores engendrado por Maria de Lurdes Rodrigues. Foi nos blogues que se fez a mobilização total da classe. Antes dos media e, muitas vezes, contra os media, foram os blogues dos professores que deram informação credível a mostrar as escolas à beira de um ataque de nervos.
     
Escusado será dizer que a Web 2.0 vai ter um grande papel nas três eleições que vão acontecer em Portugal este ano.


Uma vénia ao 
2. No nosso regime semipresidencialista, o presidente da república exerce o poder moderador, poder reservado aos reis nas monarquias constitucionais (em Portugal, de 1826 a 1910).
     
Diz Slavoj Žižek, em As Metástases do Gozo: “o direito do rei a dois vetos consecutivos era essencial porque lhe permitia render-se aos desejos da assembleia (…) sem perder a sua dignidade e majestade.”
     
É a esta luz que deve ser vista a acção de Cavaco Silva durante o processo legislativo do estatuto dos Açores.

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