Panorama*

* Hoje no Jornal do Centro

1. Começo aqui o ano a lembrar, mais uma vez, que esta coluna aplica o método de Norberto Bobbio: devemos escolher uma parte, depois dessa escolha feita há que exercer o juízo crítico com severidade, especialmente com a nossa parte.

Isto é cada vez mais raro. A maior parte dos ditos “fazedores de opinião” já só escreve a dizer bem da sua tribo e a dizer mal das tribos adversárias.

2. O tribunal de contas, como lhe compete, fez as contas: entre ganhos e perdas, os bancos já custaram aos contribuintes 16,7 mil milhões de euros, 12% do PIB.

Os ganhos, que já acabaram, vieram dos empréstimos supervisionados pela troika ao BCP (919 milhões de lucro), ao BPI (167 milhões) e a três banquetas (5 milhões).

As perdas, que ainda não acabaram, têm sido colmatadas com os políticos a irem aos nossos bolsos: CGD (um rombo de 5,535 mil milhões), BES/Novo Banco (4,607 mil milhões), BPN (4,134 mil milhões), Banif (2,978 mil milhões), BPP (588 milhões).

Ora, como se sabe, uma boa parte do dinheiro destes resgates serviu para tapar buracos causados por ladroagem e não por negócios bancários legítimos. E, como não há ninguém preso, o mínimo dos mínimos era sermos informados dos nomes desses grandes devedores que andam para aí a rir-se na nossa cara. Devíamos, ao menos, saber quem “emprestadou” a quem, quanto e porquê.

Nem isso os políticos fazem. A geringonça não deixa que se saiba nada da festança socrática na CGD e, por extensão, não se sabe nada das negociatas nem no banco público nem nos bancos privados. Hoje há mais uma teatrada no parlamento sobre este assunto.

3. Festas e festinhas é com António Almeida Henriques. Já quanto a obras fica-se por anúncios mais anúncios, noves-fora-nada.*

No seu último “agora-é-que-vai-ser” no Mercado 2 de Maio, o edil viseense anunciou elevadores panorâmicos. 
Daqui
Pode lá pôr já um que suba muito alto. 
Para que dele se possa ver o Rossio e o panorama paralítico que vai naquela câmara.

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* Por lapso meu, na edição impressa saiu: 
"Já quanto a obras fica-se por anúncios, anúncios, noves-fora-nada."

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