Bodes expiatórios*
* Hoje no Jornal do Centro
É esta teoria do desejo mimético de René Girard que explica o sucesso das redes sociais. As pessoas desejam o que os outros desejam e odeiam o que os outros odeiam e essa imitação materializa-se em likes e partilhas.
As sociedades ligadas em rede como as nossas, apesar de toda a tecnologia que usam, são comandadas, como explica o filósofo francês, pelas pulsões primitivas de sempre — a alcateia de “haters” a uivar em cada indignação do Facebook parece-se muito com os antigos ritos sacrificiais, em que eram sangrados e queimados em aras os bodes expiatórios (os inimigos, as bruxas, os sacrílegos, ...)
A sociedade foi partida em grupos identitários que criam para si uma história de agravos e de ressentimentos, reais ou imaginários, sempre a querer fazer ajustes de contas. Isso permite à política viver do fabrico de bodes expiatórios que vão sendo entregues para sacrifício ao vampirismo identitário. Enquanto ardem as redes sociais, e elas estão sempre incendiadas, os políticos lá vão tratando das suas vidas.
A criança Trump precisa do “traficante” do lado de fora do muro com o México enquanto o seu clã faz negócios com os sauditas, o boçal Bolsonaro necessita da “petralhada” enquanto os filhos abrem a boca e sai asneira, o sinistro Puigdemont depende da diabolização do “espanhol” para que os catalães não vejam a sua mediocridade, o aflito Macron carece do “casseur” para ver se se safa daquele colete de onze varas em que está metido.
Até a nossa pacífica geringonça, pelo que se tem visto com a reacção à ida de um suástico a um programa de televisão, anseia por um “fascista” que possa ocupar o lugar de bode expiatório que está vago desde que saiu de cena Pedro Passos Coelho.
“O homem é a criatura que não sabe o que desejar
e que se vira para os outros para se decidir.
Nós desejamos o que os outros desejam
porque imitamos o seu desejo.”
e que se vira para os outros para se decidir.
Nós desejamos o que os outros desejam
porque imitamos o seu desejo.”
Renė Girard
As sociedades ligadas em rede como as nossas, apesar de toda a tecnologia que usam, são comandadas, como explica o filósofo francês, pelas pulsões primitivas de sempre — a alcateia de “haters” a uivar em cada indignação do Facebook parece-se muito com os antigos ritos sacrificiais, em que eram sangrados e queimados em aras os bodes expiatórios (os inimigos, as bruxas, os sacrílegos, ...)
A sociedade foi partida em grupos identitários que criam para si uma história de agravos e de ressentimentos, reais ou imaginários, sempre a querer fazer ajustes de contas. Isso permite à política viver do fabrico de bodes expiatórios que vão sendo entregues para sacrifício ao vampirismo identitário. Enquanto ardem as redes sociais, e elas estão sempre incendiadas, os políticos lá vão tratando das suas vidas.
A criança Trump precisa do “traficante” do lado de fora do muro com o México enquanto o seu clã faz negócios com os sauditas, o boçal Bolsonaro necessita da “petralhada” enquanto os filhos abrem a boca e sai asneira, o sinistro Puigdemont depende da diabolização do “espanhol” para que os catalães não vejam a sua mediocridade, o aflito Macron carece do “casseur” para ver se se safa daquele colete de onze varas em que está metido.
Daqui |
Chego atrasado à discussão. Só hoje tive oportunidade de ler o artigo do Sr Gato.
ResponderEliminarRecomendo também: António Guerreiro - A impossível liberdade de expressão
Até agora a única análise que valeu a pena ler.
A impossível liberdade de expressão. A única maneira de combater o discurso de ódio racista é reconhecê-lo como o discurso do inimigo — um discurso que precisa de ser eliminado porque ele é, em si mesmo, uma acção. – António Guerreiro.
https://www.publico.pt/2019/01/11/culturaipsilon/opiniao/impossivel-liberdade-expressao-1857163/amp?__twitter_impression=true
Fiquei também a conhecer um tal Dr Peças do INEM/Évora.
O Dr “HeliPeças” como era conhecido.
Que “Peça”, meu deus!!!!
E estamos entregues a estes contabilistas de vidas???!!!
Absolutamente aterrador este artigo: https://www.publico.pt/2019/01/12/sociedade/noticia/factos-contradicoes-caso-antonio-pecas-1857613