Segredo
Fotografia de Dana Trippe |
Esta noite morri muitas vezes, à espera
de um sonho que viesse de repente
e às escuras dançasse com a minha alma
enquanto fosses tu a conduzir
o seu ritmo assombrado nas trevas do corpo,
toda a espiral das horas que se erguessem
no poço dos sentidos. Quem és tu,
promessa imaginária que me ensina
a decifrar as intenções do vento,
a música da chuva nas janelas
sob o frio de Fevereiro? O amor
ofereceu-me o teu rosto absoluto,
projectou os teus olhos no meu céu
e segreda-me agora uma palavra:
o teu nome - essa última fala da última
estrela quase a morrer
pouco a pouco embebida no meu próprio sangue
e o meu sangue à procura do teu coração.
Fernando Pinto do Amaral
Bom dia e boa semana.
ResponderEliminarDa Séria - “No tempo em que” havia músicos a fazer intervenção política.
Hoje: Phil Ochs – “I Ain't Marching Anymore” e o protesto anti-guerra.
Horas breves de meu contentamento.
Phil Ochs é hoje um (quase) esquecido.
Todos veneram Bob Dylan, Joan Baez e outros “sub produtos” (provocação, não é?), mas esquecem nomes como Phil Ochs. Disse ele que: “o facto de tu não ouvires esta música na rádio, é justificação mais do que suficiente para eu a escrever.” A indústria não aprecia os que pensam e são sempre verticais!
Adiante…
“I Ain't Marching Anymore” é uma música de protesto anti-guerra Vietname de 1965. Ochs escreveu um poema em que fala de um soldado que esteve em inúmeras guerras americanas nos últimos séculos. Ele lamenta que seja sempre o jovem, enviado pelos velhos, para morrer e questiona a futilidade da guerra -"é sempre o velho que nos conduz à guerra, sempre os jovens a cair".
Ochs estava profundamente ligado aos movimentos de protesto e aos movimentos dos direitos civis dos anos 60.
Ochs era um músico com um estilo direto e radical, muito próximo dos estudantes universitários, transmitindo uma mensagem de frustração e de resistência ao complexo industrial militar americano. Infelizmente o ponto fraco era a saúde e os momentos de depressão (diz a sua biografia que o FBI não o poupava na vigilância e pressão) terminaram com o suicídio em 9 de abril de 1976.
“I Ain't Marching Anymore” ficou como um grito de guerra geracional em que o autor proclama que nunca mais lutará e matará por um governo reacionário, que lidera uma sociedade militarista e conservadora (bem podia ser o Trumpismo…).
Phil Ochs – “I Ain't Marching Anymore”
https://youtu.be/OgAiuHIBlVs
Oh, I marched to the battle of New Orleans
At the end of the early British war
The young land started growing
The young blood started flowing
But I ain't marching anymore
For I've killed my share of Indians
In a thousand different fights
I was there at the Little Big Horn
I heard many men lying, I saw many more dying
But I ain't marching anymore
It's always the old to lead us to the war
It's always the young to fall
Now look at all we've won with the saber and the gun
Tell me is it worth it all
For I stole California from the Mexican land
Fought in the bloody Civil War
Yes, I even killed my brothers
And so many others
But I ain't marching anymore
For I marched to the battles of the German trench
In a war that was bound to end all wars
Oh, I must have killed a million men
And now they want me back again
But I ain't marching anymore
It's always the old to lead us to the war
It's always the young to fall
Now look at all we've won with the saber and the gun
Tell me is it worth it all
For I flew the final mission in the Japanese sky
Set off the mighty mushroom roar
When I saw the cities burning I knew that I was learning
That I ain't marching anymore
Now the labor leader's screamin'
When they close the missile plants
United Fruit screams at the Cuban shore
Call it, Peace, or call it, Treason
Call it, Love, or call it, Reason
But I ain't marching anymore
No, I ain't marching anymore
A música foi produzido por Paul Rothchild (não vos diz nada? – Hello…DOORS!!!!)
Um dia destes deixo o protesto em casa e vou recordar o músico e poeta (5 estrelas), que foi NICK DRAKE!