O regresso
Fotografia de Nina Ai-Artyan |
Como quem, vindo de países distantes fora de
si, chega finalmente aonde sempre esteve
e encontra tudo no seu lugar,
o passado no passado, o presente no presente,
assim chega o viajante à tardia idade
em que se confundem ele e o caminho.
Entra então pela primeira vez na sua casa
e deita-se pela primeira vez na sua cama.
Para trás ficaram portos, ilhas, lembranças,
cidades, estações do ano.
E come agora por fim um pão primeiro
sem o sabor de palavras estrangeiras na boca.
Manuel António Pina
Manuel António Pina levou consigo a arte de bem pontuar o texto. Um escritor que nunca postergou essas regras sob o pressuposto expiatório da liberdade pontuativa no contexto literário, apenas para justificar uma ou outra vírgula menos bem colocada. Boa escola, Alex.
ResponderEliminarSem dúvida, Alcídio, e escreveu tanto e tão bem Manuel António Pina.
EliminarUm homem admirável.