Elites*

* Texto publicado hoje no Jornal do Centro


1. Depois dos milhões e milhões da “Europa” e das privatizações, as nossas elites deram-nos três bancarrotas, um estado disfuncional (só funciona o fisco) e endividado (com défices ano após ano); deram-nos um estado capturado (mal a troika saiu, logo os remédios recomeçaram a aumentar) e injusto (Ricardo Salgado destruiu a PT e as poupanças de milhares de pessoas mas continua a apanhar o sabonete no chuveiro de sua casa).

As nossas elites não criam riqueza, vivem aconichadas ao estado e compram a decisão política. E, com Barroso e Sócrates, habituaram-se a consegui-la barata. Veja-se o caso dos submarinos ou das PPP ou da Parque Escolar.

Em matéria de responsabilidade social, basta lembrar que a Pordata, da fundação do Pingo Doce, é só um oásis no deserto da nossa filantropia privada. Como os nossos ricos sempre foram assim, já ninguém estranha.


2. Já nos EUA o falhanço das elites na guerra do Iraque e na actual crise global acendeu um debate intenso. Um dos livros sobre este assunto com mais impacto foi “O Crepúsculo das Elites: a América depois da Meritocracia”, de Christopher Hayes.

Nele, Hayes defende duas teses. A primeira constata algo que sempre se repetiu ao longo da história: também as elites norte-americanas perderam o contacto com a vida real dos “de baixo” e tornaram-se irresponsáveis.

A segunda tese é inesperada: a “meritocracia”, a escolha dos melhores através de provas duras e objectivas, é um avanço que é consensual à direita e à esquerda, mas que tem dois grandes problemas:

(i) leva à “oligarquia” já que só os ricos podem pagar aos seus filhos as ferramentas cognitivas necessárias para superarem as provas de admissão nas melhores escolas;

(ii) o mérito demonstrado e o trabalho árduo são um pretexto moral poderoso para justificar o aumento da desigualdade, mesmo quando esta é cada vez mais insuportável.

3. O que o PS, PSD e CDS querem fazer às receitas da segurança social diz tudo sobre a irresponsabilidade das nossas elites.

Comentários

  1. Um socialista a dissertar sobre mérito é como um ateu a falar de DEUS.

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  2. Nisi caste saltem caute.
    SE NÃO FORES CASTO SÊ CAUTO.

    Convém ir recordando!

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    1. Deus, Pátria e Família têm de voltar a ser as pedras basilares para reerguer Portugal, os restantes valores sociais, morais, politicos e económicos aparecerão de certeza.

      Pior que as seitas que nos governam são aqueles que por medo, omissão e pseudo lealdade a essas seitas contribuem para que elas alternem no roubo e decadência moral / social para que nos empurram todos os dias.

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