Know-how light*
* Texto publicado hoje no Jornal do Centro
Estes dias de chanatos e calções pedem crónicas light. Dias descomplicados, dias de fartura com os nossos queridos emigrantes a comerem farturas, e nós com eles, nas festas das nossas aldeias. Dias de Feira de S. Mateus com um rancho no palco e outro no prato mas com parágrafos sem colesterol. Nem do bom nem do mau.
Este Olho de Gato devia ser light como este querido mês de Agosto mas não é fácil já que trata de um assunto pesado: o (des)acordo ortográfico.
Num texto publicado no início do mês no jornal Público, o ministro da cultura brasileiro, Juca Ferreira, perante o evidente desentusiasmo que o acordo ortográfico suscitou e suscita nos países lusófonos, tenta agora o número dos números. Que a língua portuguesa tem um grande potencial económico, que os países lusofalantes juntos estão "entre as cinco maiores economias do planeta" , que correrá leite e mel quando houver uma "ortografia uniformizada" em toda a CPLP, que é preciso convocar para esse combate “os intelectuais, os sociolinguistas, os midialivristas”, que...
O simpático governante brasileiro tanto desejou acentuar o lado material da nossa querida língua que até escreveu que ela “deposita know how" [sic].
Caro Juca Ferreira, é tão bom quando cê escreve "midialivrista". Quando escreve "know-how" não é tanto, acredite, embora não faça mal nenhum. A gente por cá, embora menos tecno-anglicista, alcança tudo. Percebe todo os imeios que nos enviar, acredite. Não tenha medo da diferença lexical, sintáCtica e ortográfica, homem. Acredite: quanto mais diversas e mais criativas forem as várias variantes da nossa língua comum, mais impacto ela terá no, como diz, "contexto global".
Mermão, repare na língua de negócios do mundo: o inglês tem dezoito grafias diferentes. Vê alguém a querer que os australianos escrevam da mesma maneira que os canadianos? Sabe porque é que eles não perdem tempo com esse tipo de projeCtos, meu caro? Porque eles têm know-how.
Estes dias de chanatos e calções pedem crónicas light. Dias descomplicados, dias de fartura com os nossos queridos emigrantes a comerem farturas, e nós com eles, nas festas das nossas aldeias. Dias de Feira de S. Mateus com um rancho no palco e outro no prato mas com parágrafos sem colesterol. Nem do bom nem do mau.
Este Olho de Gato devia ser light como este querido mês de Agosto mas não é fácil já que trata de um assunto pesado: o (des)acordo ortográfico.
Num texto publicado no início do mês no jornal Público, o ministro da cultura brasileiro, Juca Ferreira, perante o evidente desentusiasmo que o acordo ortográfico suscitou e suscita nos países lusófonos, tenta agora o número dos números. Que a língua portuguesa tem um grande potencial económico, que os países lusofalantes juntos estão "entre as cinco maiores economias do planeta" , que correrá leite e mel quando houver uma "ortografia uniformizada" em toda a CPLP, que é preciso convocar para esse combate “os intelectuais, os sociolinguistas, os midialivristas”, que...
O simpático governante brasileiro tanto desejou acentuar o lado material da nossa querida língua que até escreveu que ela “deposita know how" [sic].
Caro Juca Ferreira, é tão bom quando cê escreve "midialivrista". Quando escreve "know-how" não é tanto, acredite, embora não faça mal nenhum. A gente por cá, embora menos tecno-anglicista, alcança tudo. Percebe todo os imeios que nos enviar, acredite. Não tenha medo da diferença lexical, sintáCtica e ortográfica, homem. Acredite: quanto mais diversas e mais criativas forem as várias variantes da nossa língua comum, mais impacto ela terá no, como diz, "contexto global".
Mermão, repare na língua de negócios do mundo: o inglês tem dezoito grafias diferentes. Vê alguém a querer que os australianos escrevam da mesma maneira que os canadianos? Sabe porque é que eles não perdem tempo com esse tipo de projeCtos, meu caro? Porque eles têm know-how.
Ora bem!
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