Tempo bifurcado
I
Um só dia durando o corpo
no labirinto do homem entrando
no assombro das palavras amando
como morangos na boca das carpas
II
Só com a noite
a tua cabeça tomba
derradeira
na mão do remador que desvenda
a inicial clausura dos rios
III
Um só dia durando a voz
subterrânea ranhura na cortina
verde de teu coração florindo
puro na tensa atenção do amor
IV
Só com a noite
a pupila partilha a cor
exacta
extraindo mel no espelho rasurado
arduamente pelo medo
V
Só com a noite
maníaco voraz vislumbro
amor
dormindo por entre o espinho
por entre as mãos secretas
Glória Martins
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