Cinco poemas para a noite invariável (IV)
Fotografia de Milan Borovička |
IV
Gasto-me à espera da noite
impraticável
fiel
sugo os lábios da noite
invariável caio
nos poços da noite
Gasto-me à espera da noite alheia
amassada de gargalhadas doces e areia
Amor anoitecido vem
tecer-me um vestido
nocturno
Atraiçoo os anúncios luminosos
até a lua nova sabe a ausente
— e eu anavalhei-te com naifas de ansiedade —
Estou à espera da noite contigo
venham as pontes ruindo sob os barcos
venham em rodas de sol
os montes os túneis e deus
estou à espera da noite contigo
livre de amor e de ódio
livre
sem o cordão umbilical da morte
livre da morte
estou
à espera
da noite
Luiza Neto Jorge
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