Cinco poemas para a noite invariável (III)
Fotografia de Ilse Bing |
III
Noite única noite singular impressa
consagração das chuvas e das flores violadas
dos pássaros algemados em voo
dos silêncios por amor à voz
das alquimias pobres alquimias de oiro
das turbinas de aço onde as espadas escorrem
crescem as árvores mais definitivas
pálpebras trémulas da noite
é o muro que eu recrio a cal sem vazios diários
todos de verdade nós todos férteis salvos
todos veias claras nós sementes
nós o susto fecundo de vivermos
nós os números e as letras e os desenhos
ah matem-me de noite punhais híbridos
sentinela das fronteiras extintas
sentinela última da noite
Luiza Neto Jorge
Comentários
Enviar um comentário