Ao anónimo alforreca ...

... que anda muito comentadeirrrro em Novembrrrooo

Comentários

  1. Não estou por dentro do contexto deste comentário.

    Só me interessa aqui afirmar o apoio a este espaço livre e de discussão.

    Recordo Jorge de Sena e o seu poema:

    No país dos sacanas

    Que adianta dizer-se que é um país de sacanas?
    Todos os são, mesmo os melhores, às suas horas,
    e todos estão contentes de se saberem sacanas.
    Não há mesmo melhor do que uma sacanice
    para poder funcionar fraternalmente
    a humidade de próstata ou das glândulas lacrimais,
    para além das rivalidades, invejas e mesquinharias
    em que tanto se dividem e afinal se irmanam.

    Dizer-se que é de heróis e santos o país,
    a ver se se convencem e puxam para cima as calças?
    Para quê, se toda a gente sabe que só asnos,
    ingénuos e sacaneados é que foram disso?

    Não, o melhor seria aguentar, fazendo que se ignora.
    Mas claro que logo todos pensam que isto é o cúmulo da sacanice,
    porque no país dos sacanas, ninguém pode entender
    que a nobreza, a dignidade, a independência, a justiça, a bondade, etc., etc., sejam
    outra coisa que não patifaria de sacanas refinados
    a um ponto que os mais não são capazes de atingir.

    No país dos sacanas, ser sacana e meio?
    Não, que toda a gente já é pelo menos dois.
    Como ser-se então nesse país? Não ser-se?
    Ser ou não ser, eis a questão, dir-se-ia.
    Mas isso foi no teatro, e o gajo morreu na mesma.

    Jorge de Sena (Outubro de 1973)

    Recomendo a leitura do discurso proferido na cidade da Guarda, durante as comemorações do “Dia de Camões e das Comunidades Portuguesas”, no dia 10 de junho de 1977, onde ele refere que “os portugueses são de um individualismo mórbido e infantil de meninos que nunca se libertaram do peso da mãezinha”

    A relação de Sena com Portugal, com a cultura portuguesa e mesmo com a intelectualidade portuguesa foi difícil, desde o princípio até ao fim, foi uma relação que nunca se resolveu. Basta lembrar o poema: "Esta é a ditosa pátria minha amada. Não./Nem é ditosa, porque o não merece./ Nem minha amada, porque é só madrasta/ Nem pátria minha, porque eu não mereço/ a pouca sorte de ter nascido nela.//".

    Ele sempre foi inconveniente numa altura em que as pessoas não reconheciam esse tipo de autonomia crítica.

    No fim, deixo uma mensagem de apoio e amizade ao autor deste blog:
    “E sejam quais forem as nossas ideias e as nossas situações políticas, nenhum de vós que me escutais ou não, pode viver sem uma ideia que, genericamente, é inerente à própria condição humana: o resistir a tudo o que pretende diminuir-nos ou confinar-nos.” – Jorge de Sena

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    Respostas
    1. Olá, JB!

      Ouvi este discurso de Jorge de Sena ao vivo o que dá a medida da minha cotice.

      Há um comentador anónimo alforreca que costuma mandar comentários que nunca têm a ver com a mensagem mas sim com o mensageiro.

      Diverte-me muito. Uma vez por outra respondo ao idiota.

      Abraço

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