O hamster *
* Texto publicado hoje no Jornal do Centro
A Europa, que criou os dois motores da globalização: as luzes e o capitalismo, criou também as três gerações de direitos dos cidadãos — civis, políticos e sociais.
O fim do absolutismo trouxe-nos a liberdade de expressão, de pensamento e de religião. As revoluções burguesas dos séculos XVIII e XIX deram-nos os direitos de eleger e de ser eleito. No século XX, materializaram-se os direitos à saúde, educação e previdência.
Como parecem garantidos os direitos civis e políticos, nestas eleições europeias só se fala do social e do económico. A esquerda privilegia o social, a direita o económico. Nada de mal vem daí ao mundo.
Pouco mal virá também da subida dos populismos, quer sejam os de extrema-direita, quer sejam os de extrema-esquerda, à moda do Syriza grego, que Mário Soares, em acelerada decrepitude política, acaba de endossar. O tempo há-de esvaziar este balão populista.
Há um perigo mais fundo. Desde que Viktor Orbán regressou ao poder na Hungria em 2010, passaram a ser postos em causa direitos civis e políticos que se julgavam consolidados entre nós.
Slavoj Žižek, num livro recente, descreve alguns exemplos da “orbanização” húngara:
(i) uma lei classifica alguns partidos de esquerda como “organizações criminosas”;
(ii) um órgão controlado pelo partido de Orbán tem poder de passar multas e retirar licenças a órgãos de comunicação por “cobertura desequilibrada” de notícias ou por “insulto” à “maioria” ou por violação da “moralidade pública”;
(iii) uma lei só reconhece 14 religiões, as outras mais de 300 (incluindo a budista, a hindu e a muçulmana) são obrigadas a registo e sujeitas a avaliação da sua teologia.
Como diz Tony Judt, quando o pensamento não vê mais nada que a economia, fica como um hamster dentro de uma roda giratória.
Mexe-se muito, mas não sai do sítio.
Nestes quatro anos de degradação democrática na Hungria, que fez a “Europa” do "hamster" Barroso?
A Europa, que criou os dois motores da globalização: as luzes e o capitalismo, criou também as três gerações de direitos dos cidadãos — civis, políticos e sociais.
O fim do absolutismo trouxe-nos a liberdade de expressão, de pensamento e de religião. As revoluções burguesas dos séculos XVIII e XIX deram-nos os direitos de eleger e de ser eleito. No século XX, materializaram-se os direitos à saúde, educação e previdência.
Como parecem garantidos os direitos civis e políticos, nestas eleições europeias só se fala do social e do económico. A esquerda privilegia o social, a direita o económico. Nada de mal vem daí ao mundo.
Pouco mal virá também da subida dos populismos, quer sejam os de extrema-direita, quer sejam os de extrema-esquerda, à moda do Syriza grego, que Mário Soares, em acelerada decrepitude política, acaba de endossar. O tempo há-de esvaziar este balão populista.
Há um perigo mais fundo. Desde que Viktor Orbán regressou ao poder na Hungria em 2010, passaram a ser postos em causa direitos civis e políticos que se julgavam consolidados entre nós.
Slavoj Žižek, num livro recente, descreve alguns exemplos da “orbanização” húngara:
(i) uma lei classifica alguns partidos de esquerda como “organizações criminosas”;
(ii) um órgão controlado pelo partido de Orbán tem poder de passar multas e retirar licenças a órgãos de comunicação por “cobertura desequilibrada” de notícias ou por “insulto” à “maioria” ou por violação da “moralidade pública”;
(iii) uma lei só reconhece 14 religiões, as outras mais de 300 (incluindo a budista, a hindu e a muçulmana) são obrigadas a registo e sujeitas a avaliação da sua teologia.
Imagem daqui |
Mexe-se muito, mas não sai do sítio.
Nestes quatro anos de degradação democrática na Hungria, que fez a “Europa” do "hamster" Barroso?
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