Dois para um*

* Texto publicado no Jornal do Centro há exactamente quatro anos, em 30 de Abril de 2009

     1. Os fins-de-semana de Inês de Medeiros em Paris patrocinados pelo erário público foram objecto de um inquérito do jornal Público. Quando votei, o resultado era o seguinte: contra – 8713 votos (93,7%); a favor – 587 (6,3%).
     De facto, o que a assembleia da república aprovou é desmoralizante. Perdeu-se o foco no interesse público. Como é evidente, o parlamento deve pagar viagens aos deputados para irem ter com os seus eleitores, o parlamento não deve pagar viagens aos deputados para irem ter com a sua família.
     Todo este desgraçado caso deu para perceber uma coisa: Jaime Gama, o “peixe de águas profundas”, sente-se bem como número dois da república e não ambiciona ser número um. Ao decidir desta forma enrodilhada, escondido atrás de pareceres jurídicos, Jaime Gama já nem com Red Bull bate asas. Fica por ali.
     Cavaco Silva está agora mais descansado do que estava em Dezembro em relação à sua recandidatura. O umbigo de Manuel Alegre estende-lhe todos os dias o tapete vermelho. O PS está fora de jogo. O bloco em serviços mínimos.
     O PCP, que tem sido humilhado em todas as eleições presidenciais, tem aqui a sua oportunidade. Com Manuel Carvalho da Silva, e uma campanha bem feita, os comunistas podem ultrapassar os 750 mil votos.

     2. Passos Coelho propõe um corte de 95 milhões de euros em estudos e consultorias. Aplaudo. Se o corte for maior, aplaudo ainda mais. É preciso pôr um travão à voracidade dos “Antónios Vitorinos”, dos “Migueis Júdices” e de toda a “advocacia de negócios” que está a exaurir este país.

Daqui
3.  
Há uma orientação geral no estado: só quando saem dois funcionários públicos, pode entrar um.

Proponho o mesmo para a burocracia: 
todo e qualquer serviço público só poderá exigir um novo acto burocrático quando tiver anulado dois.

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