Cisne
Atravesso o jardim, de manhã,
até beber o último trago de névoa.
As estátuas empurram-me com
os seus braços brancos.
Um cisne confunde-se
com um jarro;
mas não sei se o lago
se confunde com ele.
No banco, um fantasma
estende-me uma chávena de café.
No fundo, discutimos ambos
um problema de existência.
É que nem ele nem eu
temos a certeza um do outro
quando a cidade, no Outono,
se veste de nuvem.
Nuno Júdice
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