“¿Por qué no te callas?” *
* Texto publicado hoje no Jornal do Centro
1. Mário Soares é a figura maior desta combalida terceira república porque esteve sempre do lado da liberdade e da democracia. Infelizmente nos últimos anos, desde que amesendou com Chavez, Soares não tem sido feliz.
De tudo o que ele tem dito, o mais desastroso foi quando, em 9 de Outubro, pediu a Cavaco Silva que arranjasse um governo não eleito. Citou, na altura, o exemplo do governo italiano de Mario Monti, um eurocrata adorado pelos mesmos “mercados” que Soares tanto execra.
Soares não percebe que Cavaco nos punha um "Rui Rio" qualquer a primeiro-ministro e não percebe que esse governo não eleito, ou morria à nascença chumbado no parlamento, ou durava ainda menos do que o de Mario Monti.
Claro que o “¿por qué no te callas?” do título deste texto é uma ironia. Numa sociedade aberta como a nossa, que tanto deve a Mário Soares, não se cala a voz de ninguém e muito menos a dele.
Mas é uma pena Mário Soares ter perdido o seu GPS: em 5 de Outubro, num evento republicano, desafiou o presidente e o governo a virem para junto do povo. "Quem tem medo compra um cão", disse ele. Agora avisa o primeiro-ministro para ter “cuidado com o que lhe possa acontecer”.
Ora, se estes desagradáveis vodus, estes bonecos de trapos espetados com alfinetes não têm pensamento incluso, já a ideia peregrina de um governo tecnocrata tem. António José Seguro fez bem em ter mandado o fundador do PS dar uma volta ao bilhar grande.
2. Na sessão de 14 de Setembro de 2009 da assembleia municipal de Viseu, António Ribeiro de Carvalho (PS) e José Esteves Correia (PSD) apresentaram uma pioneira moção conjunta a defender a construção de um crematório na cidade.
Já que ninguém o fez na recente inauguração daquele equipamento, esta coluna presta aqui a devida homenagem e exprime a sua gratidão àqueles dois excelentes deputados municipais.
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