A eurozona depois da crise *

* Excerto do Boletim Geab nº 70, editado hoje pelo Laboratório Europeu de Antecipação Política, numa tradução às três pancadas.


     A guerra mediática contra o Euro foi útil na medida em que forçou a Eurozona a implementar as reformas necessárias para vencer a crise. Não houve, evidentemente, nenhuma revolução aqui, jogaram-se as "regras do jogo", que é como quem diz, não se assustaram os mercados. Em vez de declarações tonitruantes, compromissos e acções sólidas executadas após demoradas discussões. E gradualmente as estruturas foram tomando o seu lugar fortalecendo a Eurozona. O contraste com a inacção dos Estados Unidos é impressionante.
     Isto não deve obscurecer os muitos problemas na Grécia e na Espanha, por exemplo; ninguém disse que a recuperação do estoiro da bolha imobiliária e desta crise sistémica global histórica ia ser sem dor; de facto, estes países podiam ter beneficiado mais da assistência e da competência técnica dos outros países europeus. 
     Mas, globalmente, a situação está a melhorar, a nova reestruturação da dívida grega foi um sucesso, os défices estão reduzidos na Grécia e Espanha, Itália foi posta nos carris por Monti, até os próprios media anglo-saxónicos já não falam da saída da Grécia do euro e, mais recentemente, os media norte-americanos começaram a elogiar os progressos europeus...
     Que ninguém se engane: 2013 vai ser difícil para a Europa em recessão. Apesar da união bancária que vai começar a funcionar no início de 2014, apesar do aumento da integração política ou do Mecanismo de Estabilidade Europeu, foi afirmada a independência dos estados da Eurolândia. 
     Pode-se comprovar isso olhando para as discordâncias com o FMI sobre a Grécia: em 2015, o Mecanismo de Estabilização Europeia já terá suficiente credibilidade e competências para se concentrar em exclusivo nos problemas europeus e deixar que o FMI se possa focar nos países em desenvolvimento (ou salve os EUA ou a GB).
     Esta dissociação com as instituições do "mundo-antes" e com os EUA permitirá à Eurolândia empenhar-se em dinâmicas construtivas de adaptação ao "mundo-depois", através das ferramentas que foi desenhando.

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